A Roda das Mudanças Entre os Mundos de Yggdrasil
A viagem pelos oito caminhos da Roda do Ano dos Sabates, impele à nossa transformação!
Ela lembra a magnífica viagem iniciática de Odin, na Grande Árvore Yggdrasil.
Com a intenção de adquirir a sabedoria dos Deuses, Odin espetou a sua lança Gaugnir no corpo, de forma a criar uma situação dolorosa que testasse a sua capacidade de superação do sofrimento causado pelo ferimento.
A capacidade de se abstrair e superar tamanho sofrimento permitiu a Odin viajar por entre os oito mundos da Árvore Cósmica, sendo que o nono mundo, no meu entender, é o nosso próprio corpo, por se tratar da manifestação material da terra ou, como é conhecido entre os nórdicos, Midgard ou Mundo Médio.
Nós somos, portanto, o peão que acompanha o girar da Grande Roda da Fortuna.
Daí que Odin tivesse percebido o segredo que lhe revelaria os Mistérios dos Deuses ao expor o seu próprio corpo ao maior dos sacrifícios: o de doação voluntaria a si mesmo.
Ou seja, o despertar do lugar mais sagrado (Vé na língua do velho germano) que todos encerramos, mas ignoramos pelo simples facto de não intervirmos no movimento da Grande Roda das Mudanças.
Dependurado no Freixo Sagrado, Odin foi confrontado com a sua faceta escura, em reconhecimento da animalidade da sua existência, durante a cavalgada com Sleipnir, que não conhecia obstáculos nem no ar, nem em terra e nem na água.
O cavalo é um animal psicopompo que transportava os mortos no seu cortejo fúnebre até às portas do mundo dos espíritos. Sleipnir simboliza os ventos e na sua montada, Odin, sentia-se entre os reinos do espírito e da matéria, cavalgando ferozmente por entre os mundos (Yggr- o terrível Odin; drasil-o portador, o cavalo).
Com Sleipnir, o Aesir desperta a sua animalidade, latente em cada um de nós por nos fazer lembrar a força da raiva e o impulso da agressividade em momentos particulares que fazem movimentar a processo evolutivo.
De resto, emoções quando usadas de forma positiva vivificam a alma e revelam a verdadeira identidade de cada um.
Nove dias e nove noites de viagens entre as trevas e a luz.
Ao cabo de nove noites de viagens pelas sombras, Odin vislumbrou o poder da metamorfose.
O grande Ase resgatou a sua parte animal original entre Helheim, o Submundo/Instintos, e Niflheim, reino das brumas frias que intervém no acto de criação do Mundo.
Odin sorveu os fluídos que o tonaram num poderoso mago e num caminhante da noite, como o Caçador Selvagem, que ceifa a vida no período mais escuro do ano.
E vislumbrou as 24 Runas (caracteres mágicos conhecidos entre germanos e nórdicos como FUTHARK) através de um faiscar de fosfenos que pontilhavam o cenário escuro da sua condição de morte aparente.
Em Svartalfaheim conheceu a arte de trabalhar o ferro e as memórias contidas no subconsciente, forjando um novo corpo.
Regressando das trevas, o Deus dos Heróis entrou no carrossel pelos mundos superiores, durante nove dias: A água da fonte de Mimir transferiu-lhe os mistérios da sabedoria dos ancestrais, oriundos nas altas montanhas geladas de Jotunheim, residência dos seres primevos, os Gigantes, e sentiu o poder das energias telúricas, em Vanaheim, lugar da magia Seidr dos Vanes.
Em Muspelheim conquistou o Fogo Cósmico e em Alfheim apreciou a beleza espiritual do Sol, mas foi em Asgard que percebeu a sua divindade, tornando-se em Alfadir, o Pai dos Deuses.
A divisão do sistema rúnico FUTHARK em três partes revela-nos que o caminho gira no final de cada sequência de oito sigilos, no sentido de nos conduzir a um novo nível de consciência.
A viagem poderá nunca acabar, mas é certo o final da mera existência material do nosso corpo. Os processos evolutivos não param no momento em que nos tornarmos matéria diáfana, eles prosseguem a diferentes graus energéticos para lá do universo conhecido.
Até nos fundirmos no Absoluto.
Os Deuses inspiram-nos nesta jornada eterna da evolução.
Autor: Valquíria Valhalladur
Fonte:www.projectokarnaya.com
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