Descobrir Quem Somos no Gelo do Norte
No Outono, com o prenúncio do Inverno e do seu processo de cristalização, celebra-se o significado mais profundo das três primeiras runas do segundo Aett do FUTHRAK.
É aqui que experimentamos a força do caos, num teste à resistência dos alicerces implantados no Aett inicial.
No conjunto de 24 runas, Hagalaz é a nona na sequência, o número perfeito por encerrar em si todos os nove mundos, como se fosse a matriz de toda a existência.
Quando chegados aqui entramos imediatamente num sono profundo em busca de pistas que nos ajudem a explicar alguns dos acontecimentos que marcaram e condicionaram o percurso ao longo do primeiro Aett, governado pelas forças telúricas de Frey e Freyja.
O Futhark, como é conhecido este conjunto de símbolos, é divido em três famílias de oito runas (Aett) que constituem etapas de evolução.
Relembrar o passado com UrdConcluída a caminhada pelo primeiro Aett - que, em meu entender, incide num trabalho de desenvolvimento de áreas sensíveis em nós, sobretudo os campos de energias subtis que nos possibilitam a expansão para dimensões além do corpo-, somos confrontados com o mais arrepiante desafio da nossa vida: o contacto com o Orlog/Karma. Em Hagalaz ficamos presos, limitados nos cristais de neve, em desafios constantes com a Norna Urd (cujo prefixo Ur significa o mais antigo) que nos expõe perante as acções passadas e as suas consequências.
É nos oferecida a oportunidade de recuarmos no tempo e assim operarmos as mudanças que façam girar a roda do destino (Runa Jera).
A cada ano que passa estaremos sempre em contacto com o passado até que eliminemos os padrões repetitivos que nos impede viver em pleno a nossa verdadeira vontade (Vili, a segunda hipóstase de Odin).
A Norna Verdandi encarrega-se de nos oferecer o presente ou o “aqui e agora” nos moldes em que insistimos viver, até que a Norna Skuld nos cobrará a factura das opções tomadas.
Esta norna não anuncia o futuro, mas sim um rol extenso de tudo o que fomos fazendo e deixando para trás, o mesmo será dizer que estamos constantemente a voltar a Urd.
Controlar o Fogo em Nied, As estações do Outono e do Inverno constituem essa oportunidade de alterarmos o rumo dos acontecimentos, reflectirmos sobre o que somos no “agora” preparando o que queremos para o “amanhã”.
A Runa Nied (Necessidade) provoca-nos a sensação dessa necessidade de parar o tempo para contermos a energia ígnea, de poder transformador.
Constrangidos pelo rigor do Tempo, vamos criando um reservatório de Fogo, elemento activo, de expansão, e, ao mesmo tempo, vamos aprendendo o valor da persistência ao mantermo-nos imóveis até podermos explodir como a semente, aos primeiros raios de sol na Primavera.
A avaliação consciente do que vemos e sentimos em Hagalaz e em Nied conduz-nos a uma “morte” aparente em Isa (Gelo/ Paralisia), uma runa que nos causa constrangimento por impedir o avanço até ao momento da colheita em Jera, a 12ª runa (tem a forma da Roda do Destino).
Aqui recebemos na justa medida do nosso esforço anterior e em Eihwaz (13ª Runa) entramos no mundo nocturno em busca do equilíbrio; subimos e descemos o eixo em que flui as energias do Mundo Superior e do Mundo Inferior.
O desafio leva-nos à destruição do que é velho para dar espaço à criação de uma nova faceta na nossa personalidade.
Por isso, entramos numa espécie de carrossel entre duas forças aparentemente antagónicas, mas necessárias ao processo de evolução que nascerá em Perdhro (14 Runa, das coisas ocultas).
A forma desta runa sugere-nos as pernas abertas de uma mulher durante o parto: a criança está prestes a sair da escuridão do Inverno em direcção à luz, à revelação de uma outra persona, uma oportunidade que nos for oferecida no alvoroço confuso na imersão num espaço frio e estanque. Na descoberta de talentos ocultos; no encontro coma nossa essência.
Renascemos mais fortes para tomarmos as rédeas do nosso destino em Elhaz.
Nesta runa encontramos o poder protector dos Deuses, representa simbolicamente o poder do Homem na batalha para atingir o divino, contando com a ajuda extraordinária da vontade.
A caminhada prossegue em diante, mas compete agora a cada um desfiar o novelo de fios de um tecido ainda sem forma.
O Destino aguarda pelo nosso sentido de descoberta.
Autor:Valquíria Valhalladur
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