quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Wicca Alexandrina

Redigido pelos Anciãos da Tradição Alexandrina da Wicca em 14 de Novembro de 2004

O que é a Wicca?

Os Alexandrinos definem a Wicca como uma religião Iniciática, Mistérica Pagã sujeita a juramentação de votos, experimental por natureza e que tem as suas origens nas Ilhas Britânicas.
No entanto o termo “Wicca” ter sido adoptado pelo movimento Pagão/Neo-Wiccan que tem vindo a crescer nos últimos vinte anos. Para distinguir as Tradições originais da Wicca dos grupos não iniciáticos, referimo-nos à nossa Tradição como ‘British Traditional Wicca’ (BTW) nos Estados Unidos e na Europa como ‘Traditional Wicca’ (TW).
Para simplificar as coisas, neste artigo sempre que se refere a Wicca, estamos a referirmo-nos-nos exclusivamente à BTW/TW a não ser que seja indicado o contrário.1

Origens da Tradição Alexandrina da Wicca

Será importante lembrar que as “tradições” tal como as conhecemos agora, não existiam no inicio da ‘Tradição Alexandrina’.
A nossa Tradição tem as suas origens naquilo que hoje se chama a Wicca Gardneriana, a qual na altura se chamava simplesmente “The Wica” ou “A Velha Religião”.
O nome “Alexandrina” é na generalidade visto pelos iniciados da Tradição como uma referência ao seu ‘fundador’, Alex Sanders, mas também uma referência à Grande Biblioteca de Alexandria, a qual era o centro do conhecimento Oculto da Antiguidade.
Alex Sanders foi iniciado na Wicca no inicio dos anos 60.
Mais tarde ficou conhecido por ser um excelente Mago Cerimonial e pelo título de “Rei das Bruxas(os)” o qual lhe foi atribuído pelos lideres de alguns dos seus Covens no final dos anos 60.
Segundo Maxine Sanders, sua ex-mulher, ele era membro de pelo menos dois Covens antes de casar com Maxine e de fundar o Coven Alexandrino de Londres (London Coven) do qual muitos Alexandrinos descendem.
Alex era bastante extrovertido e, entre outras coisas, um show-man nato.
Ele tirava partido da Imprensa sempre que tinha oportunidade, para grande desconforto na altura de alguns Anciãos mais conservadores.
Alex era conhecido por ser um excelente curandeiro, um prescutador e um poderoso bruxo e mago.
As suas incursões nos média valeram-lhe a publicação da sua biografia romantizada sob o título de King of the Witches da autora June Johns e mais tarde à publicação da clássica ‘biografia de um Coven’, What Witches Do, de Stewart Farrar.
Os Sanders tornaram-se bastante conhecidos no Reino Unido durante os anos 60 e 70 e são responsáveis por terem revelado e trazido a Craft a público pela primeira vez.
Um excerto de um texto de Maxine Sanders descreve de forma exemplar todo este processo:

“Apesar do interesse extremo dos paparazzi, as muitas e sinceras Iniciações feitas nos Covens de Alex e Maxine Sanders, durante e desde esse período, vieram criar lugar para uma linhagem da Witchcraft que desde então se espalhou por todo o mundo.”

E de facto foi o que aconteceu.
Em parte como resultado das incursões feitas por Alex Sanders nos média, mas também como resultado dos conflitos entre Alex Sanders e duas conhecidas Sacerdotisas Wiccan da altura, formou-se uma clara divergência, que resultou no crescimento gradual do que posteriormente se veio a chamar de Tradição Alexandrina da Wicca, nascendo assim uma das primeiras ‘tradições’ modernas da wicca.
O termo “Alexandrina” foi, segundo Maxine Sanders, atribuído por Stewart Farrar aquando da escrita do seu livro What Witches Do em 1970.
No entanto, uma entrevista com Sanders feita por Stewart Farrar em 1969, Alex clarifica um pouco mais esta questão. Alex é citado dizendo:

“aqueles [feiticeiros(as)] que não querem publicidade, têm a tendência de se referir aos meus(minhas) Bruxos(as) como ‘Alexandrinos’.”

Eis a explicação.
Ou o termo foi uma criação de Alex Sanders ou o resultado de um termo inventado como referência sarcástica e crítica, da mesma forma que o termo “Gardnerianos”.
Os primeiros iniciados de Sanders referem-se a si próprios simplesmente como “The Wicca” (Os Wicca) ou Witches (Feiticeiros ou Bruxos).
O nome da linhagem de Sanders foi aplicado apenas nos princípios dos anos 70.
A nossa Tradição tem tido ambas a felicidade e infelicidade de ser uma das, se não a Tradição Wiccan melhor documentada até à data . Naturalmente muitas confusões têm surgido à cerca da nossa Tradição, as quais se espera que fiquem esclarecidas neste artigo.
Ao contrário daquilo que normalmente se pensa, nem todos os Alexandrinos trabalham Magia Cerimonial, tal como a Cabala, Magia dos Anjos ou Magia Enochian.
Alguns praticam-nas, outros não.
Alex Sanders encontrava-se sempre num processo evolutivo das suas próprias práticas mágicas passando novos conhecimentos e técnicas aos seus iniciados.
O resultado deste processo está na existência de muitas linhagens diferentes que descendem de Alex Sanders, cada uma com as suas particularidades mas partilhando do mesmo corpo de conhecimento Tradicional Wiccano.
Alguns Alexandrinos estão fortemente orientados no sentido da Magia Cerimonial enquanto outros estão mais orientados para a Magia Popular.
Tudo depende não só da linhagem e origem de cada um, como também das opções individuais e de Coven.
O ensino sempre foi um ex libris da Tradição Alexandrina, com cada nova geração adicionando mais conhecimento à geração precedente contribuindo para a constituição de Sacerdotes e Feiticeiros(as) detentores de novos conhecimentos.
Esta diversidade proporciona uma tradição dinâmica e efectiva, com os pés bem assentes na Wicca Tradicional mas de olhos no futuro.
Outra das muitas confusões à cerca da Tradição prende-se com a publicação que Alex Sanders e o casal Farrar fizeram dos conhecimentos integrais da tradição, bem como o Livro das Sombras na sua totalidade.
Qualquer um que leia os livros tanto de Alex Sanders como dos Farrar verificarão que isto é absolutamente falso, mesmo até pelas declarações dos próprios autores nas suas obras.
Alex Sanders fez a sua passagem para Além do Véu na Noite de Beltane em 30 de Abril de 1988 depois de ter sofrido e convalescido de cancro do pulmão. Após a morte de Alex Sanders, o Concelho Britânico dos Anciãos da Tradição Alexandrina reuniu-se e redigiu o seguinte documento:

Declaração do Concelho de Anciãos da Tradição Alexandrina

Na Quinta-Feira dia 12 de Maio de 1988 reuniram-se os Anciãos da Tradição Alexandrina
É da Lei da Craft que um Rei seja escolhido pela Craft quando a necessidade assim o exige. Depois de larga consideração, foi decidido que não existe necessidade da existência de um Rei das Bruxas.
Felizmente que assim é pois não existe neste momento ninguém que esteja devidamente preparado para desempenhar tal papel.
Alex Sanders conduziu os Filhos Ocultos da Deusa na Luz. Foi uma tarefa excepcionalmente bem desempenhada, e foi também o seu ultimo e mais profundo desejo que estes continuem o seu trabalho na luz.


Tal Concelho nunca mais se reuniu.

Crenças:

Tradicionalmente nós trabalhamos com e prestamos homenagem aos Antigos Deuses da Europa, com maior incidência na Deusa da Lua e no seu Consorte, o dos Cornos.
Os nossos Deuses não são ciumentos, e como tal, os iniciados Alexandrinos poderão trabalhar com outras divindades a nível pessoal ou em grupo.
Almejamos uma ligação e entendimento pessoal com a divindade e com os nossos ancestrais, mas também com com os ritmos e marés da natureza, e como tal não temos intermediarios, apenas Sacerdotes e Sacerdotisas.
Acreditamos no poder da magia e no uso de técnicas tradicionais e técnicas novas para atingir os nossos objectivos.

O Papel do Clero:

A Wicca é muito diferente de outras religiões pois não temos intermediarios.
Cada iniciado da nossa Tradição é um Sacerdote ou Sacerdotisa dos nossos Deuses por direito.
Alguns dos nossos Sacerdotes e Sacerdotisas são bastante activos nas comunidades pagãs locais, proporcionando handfastings (casamentos) e outros ritos de passagem bem como Festivais públicos.
Outros trabalham fora do olhar do público concentrando-se no trabalho dos seus Covens ou nas suas demandas pessoais.

Organização de Grupos:

A Tradição Alexandrina está organizada em Covens.
Alguns grupos trabalham skyclad[1] enquanto outros preferem trabalhar com túnicas. Independentemente da preferência do Coven, alguns ritos são feitos skyclad[1] por todos os Covens Alexandrinos reconhecidos.
Para se tornar um iniciado da Tradição Alexandrina, tem de se ser iniciado por um Sumo Sacerdote ou Sacerdotisa Alexandrina devidamente preparada e autorizada numa iniciação cruzada em género[2].
Os nossos ritos de iniciação tradicionais deverão ser usados sem omissões, tal como foram passados por cada linhagem desde o Coven Alexandrino original.
A “Auto-iniciação” não é possível na Wicca Alexandrina.
A nossa Tradição contém três níveis chamados Graus.
Um iniciado do primeiro grau é um Sacerdote ou Sacerdotisa da Tradição e um iniciado do segundo grau, é um Sumo Sacerdote ou Sumo Sacerdotisa da tradição e Ancião do Coven.
O terceiro grau é normalmente reservado aos lideres de Coven.
O tempo entre cada grau pode variar substancialmente de linhagem para linhagem e depende dos objectivos e pontos de vista de cada Coven no que respeita à iniciação e à experiência na aprendizagem.
Na Tradição Alexandrina cada individuo têm a sua progressão através dos graus, no seu crescimento interior e nos Deuses, não no tempo em que fica em cada um dos níveis.
Um iniciado de segundo grau poderá deixar o seu Coven e formar um novo, e também pode iniciar até ao seu grau na maior parte das linhagens, com a autorização dos seus Anciãos.
Os Covens liderados por Sumo Sacerdotes/Sacerdotisas de segundo grau estão sujeitos à orientação e autoridade dos Sumo Sacerdotes do Coven Mãe[3} até estarem preparados para serem elevados ao terceiro grau.
O nível de autoridade que um Ancião de segundo grau tem, varia muito de linhagem para linhagem.
Um Sacerdote ou Sacerdotisa de terceiro grau é completamente autónomo na nossa tradição, respondendo apenas aos Deuses e à Tradição em geral.
Autonomia não significa falta de discernimento ou sensatez.
Alem disto, muitas linhagens optam por ter no seu sistema um grau de neófito ou dedicante, permitindo a um individuo válido[4] participar em certos ritos antes de se dedicar aos Deuses de forma definitiva.
Isto faz com que o candidato seja exposto não só à Tradição mas também aos laços de “família” que constituem um Coven.
Permite também que tanto o candidato como os Anciãos do Coven possam decidir se a vocação e a dinâmica inter-pessoal existem no candidato ou não.
A nossa Tradição é Matriarcal.
A Sumo Sacerdotisa é considerada ‘prima inter paris’[5] e detém a palavra final em todos os assuntos de Coven.
Tradicionalmente a palavra de um Sumo Sacerdote ou Sumo Sacerdotisa é lei dentro do Coven. Este sistema tem vindo a ser chamado por alguns “uma ditadura benevolente”.
Tradicionalmente o Sumo Sacerdote co-lidera em cooperação com e apoiando a Sumo Sacerdotisa.
A Linhagem Iniciática é verificada em cruzamento de géneros[2] (feminino, masculino, feminino, etc) até a Alex Sanders e as suas Sumo Sacerdotisas tais como Maxine Sanders. As informações sobre a linhagem não estão sujeitas a juramento de segredo na nossa Tradição, mas também não são do domínio público, e a maior parte das vezes é considerado um assunto pessoal e privado.
Pouco tempo depois da Iniciação, cada candidato começa a copiar o Livro das Sombras pelo manuscrito do seu Iniciador.
É da responsabilidade de cada Iniciador, passar a Tradição, tanto oral como escrita, tal como lhe foi passada, sem quaisquer omissões.
Desta forma, a continuidade da nossa herança é assegurada.
O Livro das Sombras Alexandrino contém conhecimentos comuns a todas as linhagens embora com pequenas diferenças de linhagem para linhagem, pois Alex Sanders e os seus Iniciados estavam envolvidos num processo constante de evolução.
A essência do Livro das Sombras e os ritos de iniciação são a chave para todos os Alexandrinos legítimos, pois constituem o conhecimento comum que nos une a todos.
Contrariamente ao que se possa pensar, um indivíduo não pode comprar um Livro das Sombras Alexandrino, nem fazer o seu download através da Internet.
Embora estes livros[6] existam, são apenas compilações de informações/documentos já publicados e a intenção da sua existência apenas se justifica na perspectiva de constituir um conjunto de documentos, similares em estilo, ao Livro das Sombras que podem ser utilizados, apenas como referência, pelo estudante sério da tradição.
Estes documentos são, no entanto, diferentes do Livro das Sombras utilizado pelos Iniciados.
A única forma de obter um Livro das Sombras Alexandrino completo é ser iniciado de forma honrada.
A natureza e prática exacta dos Covens Alexandrinos poderá variar de linhagem para linhagem e de Coven para Coven mas com certos limites.
O treino/ensino foi sempre fortemente implementado na nossa Tradição vindo logo a seguir, em prioridade, ao serviço aos nossos Deuses. A maior parte dos Covens Alexandrinos têm um forte sentido de ‘familia’ bem como a consciência de que fazem parte de uma família maior e mais alargada Internacionalmente.

Festivais

A Wicca Alexandrina festeja os oito Sabbats da Roda do Ano.
Também nos reunimos tradicionalmente para celebrar os Esbats nas Luas Cheias realizando trabalhos, ensinando e celebrando a Deusa.
Ao contrário do que se pensa, nós não trabalhamos os Ciclos do Rei Carvalho e do Rei Azevinho, tal como é descrito pelos Farrar no seu livro Oito Sabbats para Bruxas (Eight Sabbats for Witches).
Embora alguns Covens e até alguns Feiticeiros(as) possam optar por trabalhar esses ritos, os Ciclos dos Reis Carvalho/Azevinho, NÃO fazem parte da Tradição Alexandrina.
Os próprios Farrar o clarificam no seu livro, mas no entanto a confusão ainda persiste.

Normas de Conduta

A Iniciação e Elevação na Wicca é um privilégio e não um direito.
A iniciação não é oferecida de forma leviana.
Para ser Iniciado na Wicca como Sacerdote ou Sacerdotisa, deve-se em primeiro lugar ser um individuo válido[7].
São os Anciãos do Coven que decidem a presença deste estatuto no individuo - juntamente com a ajuda e opinião daqueles que já fazem parte do grupo.
A sinceridade, o carácter, a maturidade, as escolhas espirituais, nível de compromisso, sentido ético e personalidade do candidato(a) são sempre considerados além de sinais esotéricos que os Anciãos possam encontrar.
Principalmente e em primeiro lugar, deverão consultar o Deus/Deusa e procurar o seu consentimento.
Os Anciãos devem também considerar se o candidato(a) poderá por ou não a Tradição em risco, abusar dos Mistérios os quais lhe serão confiados após a iniciação.
Resumindo, os Anciãos deverão confiar no seu próprio julgamento e intuição de forma serena e equilibrada.
Deverá existir empatia entre novos Iniciados e o Coven no qual eles são iniciados.
Um indivíduo que seja na generalidade válido para ser iniciado, poderá não ser aceite num grupo mas poder-se-á dar bem noutro.
O caminho do Sacerdócio não serve para aqueles que o procuram apenas pelo ‘estatuto’ ou simplesmente por ser uma experiência “radical”.
O caminho Iniciático não serve também aqueles que são mental, espiritual e emocionalmente desequilibrados.
É regra da Wicca que nunca se cobra dinheiro por Iniciações e/ou treino/ensino da nossa religião.
Na Tradição Alexandrina alguns Covens partilham as despesas básicas, pagando uma espécie de ‘cota’ ou simplesmente fazendo “passar o Chapéu da Bruxa” à medida que as despesas vão surgindo.
Temos a obrigação de manter a privacidade de outros iniciados.
Como tal, revelar o nome e identidade de outro Feiticeiro(a) sem o seu consentimento é evitado a todo o custo.
A linha de conduta da Ética da Tradição Alexandrina é a Rede Wiccan “Faz o que quiseres, mas não prejudiques a ninguém”.
Ao contrário do que se pensa, esta ‘máxima’ apenas refere que toda a actividade que não prejudique ninguém é permissiva.
Sem prejuízo a ninguém é um ideal nobre, mas não é de maneira nenhuma para ser tomado literalmente.
É literalmente impossível que um individuo possa viver a sua vida sem prejudicar ou causar prejuízo a nada ou ninguém.
No entanto somos totalmente responsáveis pelas escolhas que fazemos na nossa vida.
Uma das formas de interpretar a Rede é seguir o nosso mais alto ideal (o Querer - faz o que quiseres…) o que implica a escolha do caminho que cause menos prejuízo.
Á medida que crescemos na compreensão dos mistérios dos ciclos e marés da vida, começamos a tomar consciência da nossa ligação intrínseca a todos os seres do planeta.
O conceito de “Verdadeiro Querer” começa então a indiciar que o nosso trabalho se direcciona no sentido do bem supremo da forma que acharmos ser a mais apropriada.2

Formas de Culto

A Tradição Alexandrina é uma Tradição de Mistérios sujeita a ajuramentação de votos de segredo, e como tal, muitos dos pormenores de como e porquê trabalhamos da forma como trabalhamos, são segredo.
Este secretismo entre Iniciados da Wicca de Tradição Britânica tem vindo a ser alvo de detractores, implicando nas suas alegações que na certa se existe segredo é porque aquilo que fazemos não é lícito ou bom, ou então, que mantemos o secretismo com o propósito de enaltecer o ego (”temos algo que vocês não sabem o que é e por isso somos melhores que vós“).
Posto de forma simples, nenhuma destas alegações é verdadeira.
A nossa Tradição e tudo o que a constitui, é sagrado e privado e, nalguns casos, poderá causar efeitos secundários indesejados se utilizado por indivíduos que não sejam ensinados/treinados nas nossas técnicas.
Os Alexandrinos mantêm a privacidade dessa sacralidade através do segredo.
Nós não nos proclamamos detentores dos segredos do Universo.
Aliás, a maior parte dos nossos “segredos” teriam pouco ou nenhum interesse para aqueles que não são Iniciados na Wicca.
Será suficiente dizer apenas que os nossos ensinamentos se concentram no desenvolvimento do relacionamento pessoal com a Divindade, e uma consciência e sincronia com os Ciclos da Natureza, através de rituais e na nossa vida quotidiana.
Utilizamos técnicas tradicionais da WTB (Wicca de Tradição Britânica) no sentido de obter mestria e desenvolver as nossas capacidades como Feiticeiros, para que possamos nos ajudar a nós próprios e aos outros.
Métodos experimentais são também utilizados, pois a nossa tradição disponibiliza uma sólida base sobre a qual possamos construir e improvisar.3

Leituras e Outras Referências:

Books:

A Voice in the Forest de Jimahl di Fiosa
What Witches Do de Stewart Farrar
The Alex Sanders Lectures de Alex Sanders
King of the Witches de June Johns
Maxine The Witch Queen de Maxine Sanders
Principles of Wicca de Vivianne Crowley
Keepers of the Flame de Morganna Davies and Aradia Lynch

Páginas da Web:

The Alexandrian Wiccans Webring (link quebrada)
Tracing the Blood: International BTW Contacts (link quebrada)
Maxine Sanders Homepage
The New Wiccan Church InternationalTraditional Wicca Does Not Cost Money

E-Lists:

Amber and Jet: BTW Seekers List

Caveat: Como até agora todos os Anciãos de terceiro grau são autónomos na nossa tradição, nenhum de nós poderá falar por todos.
Como Iniciados e Anciãos da Tradição Alexandrina, os pensamentos seguintes são apenas a opinião que temos no que respeita à Tradição Alexandrina da Wicca, a qual amamos e acarinhamos.4
Este artigo foi escrito, editado, compilado, e aprovado pelos seguintes Sumo Sacerdotes e Sumo Sacerdotisas e Anciãos da Tradição Alexandrina:
Julia Phillips,
EnglandPandora,GermanyAconite & Ambriel, Qld, AustraliaAriana & Robin, AustraliaJuniper & Gwiddon Vedmi, Ontario, CanadaRadella, BC, CanadaMorganna, RI. U.S.Indigo, RI. U.S.Anastasia, RI, U.S.Haniel, Central CA, U.S.M. Veritas, TX, U.S.Storm, CT, U.S.Auriana & Corbin, CT, U.S.Scypres, FL, U.S.Icarus, NJ, U.S.Morgaine, TN, U.S.Pat Baker, MA, U.S.Jimahl di Fiosa, MA. U.S.Sulis, MA, U.S.Talia, MA, U.S.Herne, New Orleans, U.S.Brigit & Orion, MD, U.S.Cian Kerrisk, New Zealand

Notas de Roda-Pé: 1,2,3 e 4 Parafraseadas, com a autorização, do ensaio “Central Valley Wicca: The Kingstone Tradition” de Kalisha Zahr.
[1] skyclad - literalmente “vestido de céu” querendo dizer, nu.
[2] Iniciação cruzada em género - Iniciação que é tomada em cruzamento de géneros feminino e masculino - os homens são iniciados por mulheres e as mulheres por homens.
[3] Coven Mãe - O Coven de origem; o Coven do qual descendem.
[4] Indivíduo válido - individuo que reúne as qualidades necessárias para tomar o grau de dedicante ou neófito.
[5] ‘prima inter paris’ - literalmente ‘a primeira entre iguais’.
[6] Os livros a que se refere o autor deste artigo incluem documentos na Internet sob o título de “Livro das Sombras Alexandrino” ou “Alexandrian Book of Shadow” os quais nada têm a ver com o verdadeiro manuscrito passado de Iniciador para Iniciado. Exemplo disto é a compilação existente no site de Janet Farrar e Gavin Bone.
[7] O individuo tem de manter este estatuto mesmo depois de ter sido iniciado. Aqueles que o não forem capazes de o manter, serão convidados a sair do Coven.

NOTA : A tradução deste documento foi feita por Karagan com a expressa autorização dos Anciãos da Wicca de Tradição Alexandrina.
Todos os Direitos Reservados a Karagan e a todos os que assinaram este documento.

"Autorizada a publicação no http://www.fairyliadan.blogspot.com/ por Karagan"

terça-feira, 6 de novembro de 2007

A Tradição Faerie Wicca

A Tradição Wicca das Fadas é bastante complexa.
Os seguidores desta Tradição da Wicca dizem seguir rituais e conhecimentos provindos diretamente das fadas e dos povos antigos que habitaram a Europa na Idade do Bronze.
Se aproxima muito de uma concepção xamânica ao lidar com magia e natureza.
Uma das seguidoras famosas da Faerie Wicca é StarHawk, que tem um livro bastante famoso no Brasil, A Dança Cósmica das Feiticeiras.

A Tradição das Fadas enfatiza a pureza pessoal e uma prática constante.
Cristais, taças rituais, e incenso não são apenas ferramentas primárias, mas cada um encerra um poder, que é totalmente comandado pelo praticante.
Para quem pratica a Faerie Wicca, qualquer encanto que o praticante lance atravessa primeiro nós mesmos, que nos tornamos espelho de nosso desejo.
Magia é como qualquer outro trabalho: tudo o que um artista faz tem sua marca registrada. "Refinar as energias" faz parte do trabalho de um Faerie, que entende que isso faz parte do seu próprio crescimento individual.

A Faerie Wicca foca seus rituais no trabalho psíquico e no aprendizado de se lidar com o poder mágico, e a palavra tem muita força mágica.
Alguns de seus seguidores encaram esta tradição como um perigoso treino mágico , apropriado apenas para o buscador ávido por experiências.

Fonte: www.fairylullaby.hpg.ig.com.br/

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Livro da Sabedoria da Tradição Céltica Wiccana


IMPORTANTE:

Neste, está contido a tradução do Livro da Sabedoria da Tradição Céltica Wiccana.


É importante deixar claro que ele não deriva do povo celta, e foi criado por uma das tradições da wicca.
A Wicca é uma religião contemporânea, tem apenas 60 anos, o povo celta, por sua vez, viveu nas antiguidades e tinha como religião, o Druidismo.
Dentro da Wicca contemporânea se encontram facções, grupos ou tradições, que seguem a religião com seus próprios conceitos e ideias.
Uma dessas tradições é a Tradição Céltica.

Portanto, nesta brochura, está traduzido o Livro das Sombras que contém as verdades e idéias difundidas pela Tradição Céltica.

É uma tradução do livro original desta Tradição, em Galês (de Galês próximo à Grã-Bretanha).

Não deve ser confundido com O Livro das Sombras que diz-se existir desde a Antigüidade, no qual estariam escritas as grandes verdades da Arte e teria sido escrito por Druidas.

Este livro, na realidade, não existe, uma vez que os Druidas não escreviam seus ensinamentos e leis, que eram passados oralmente à pessoas.

É importante não confundi-lo também com o Livro das Sombras pessoal, que cada bruxo possui para fazer anotações e registrar feitiços.

O texto traduzido aqui se intitula, também, O Livro das Sombras, mas só possui leis aceitas e difundidas pela Tradição Céltica.
Não existe, nesta brochura, nenhum feitiço ou rito correspondentes a esta Tradição, ou, qualquer de seus membros.
Aqui está traduzida, unicamente, as leis difundidas por ela.



O Livro da Sabedoria

I - Esta é a Lei, antiga e aceita, tal como se prescreveu.

II - Ela foi feita para os adeptos, por guia, ajuda e conselho em todas as suas aflições.

III - Cumpre aos adeptos reverenciar os Deuses e Deusas, obedecendo-lhes a tudo que for dito, na conformidade de seus mandamentos; eis que foram propostos para esses mesmos adeptos, e isto se fez por seu bem; assim como a reverência aos Deuses e Deusas bem é de sua conveniência. Na verdade, os Deuses, assim como as Densas, amam os que se confraternizam e chamam-se irmãos, nos círculos dos iniciados.

IV - Tal como um homem ama a sua mulher, não devem os adeptos ocupar o domínio dos Deuses e Deusas, mas sim que promovam amá-los através de actos e manifestações deste sentimento.

V - É necessário que o círculo dos adeptos, o qual templo é dos Deuses e das Densas, seja levantado e purificado, pois assim lugar merecido será, onde estarão Deuses e Deusas em presença.

VI - E os adeptos se prepararão, e estarão purificados, a fim de que possam ir à presença dos Deuses e diante das Densas.

VII - E os adeptos elevarão forças com poder, desde seus corpos, para que, repletos, tornem o poder aos Deuses e Densas, tanto com amor quanto reverência no íntimo de seus corações.

VIII - Tal como doutrina foi estabelecida, do passado; pois tão-somente assim é possível haver comunhão entre homens e Deuses; e entre Deusas e homens; visto que nem podem os Deuses, assim como as próprias Densas, estender seu auxílio aos homens, sem a mesma ajuda destes.

IX - E uma haverá a Suma Sacerdotisa, a qual regerá o círculo dos adeptos, como elo de ligação dos Deuses, assim como das Deusas.

X - E haverá um Sumo Sacerdote que a sustentará nos seus feitos, como representante dos Deuses, assim como das Densas

XI - E a Suma Sacerdotisa escolherá a quem bem queira, desde que baste em hierarquia, para que lhe dê assistência, na condição de Sumo Sacerdote.

XII - Atentando-se a que, tal como os próprios Deuses lhe beijaram os pés, a Arádia (deusa suprema), e por cinco vezes a saudaram, depondo seus poderes aos pés das densas, em submissão - pois que eram elas juvenis e dotadas de toda beleza, e em si havia gentilezas como havia doçuras; sabedoria como justiça; humildade e generosidade.

XIII - Assim mesmo a ela confiaram todos os poderes divinos que eram de sua própria característica.

XIV - Eis que, porém, a Suma Sacerdotisa deve ter em espírito que todos os seus poderes emanam dos Deuses, e das Densas também.

XV - E os poderes lhe são cedidos tão-somente por uns tempos, para que deles usem; com sabedoria e bom-senso que assim os usem.

XVI - E portanto, sempre que esta Sacerdotisa vier a ser julgada pelo Conselho dos que são adeptos, a ela caberá aceitar a renunciar o poder -de boa vontade - em favor de uma mulher que seja mais jovem.

XVII - Porque a Suma Sacerdotisa, quando legítima, há de reconhecer que uma de suas virtudes mais sublimes é ceder a honra de sua posição, em gesto de boa vontade, para aquela outra mulher que deve sucedê-la.

XVIII - E por compensação de seu ato, ela voltará a esta posição de Suma Sacerdotisa numa vida futura, com poder e suprema beleza, sempre aumentados, pois assim é a prescrição da Lei.

XIX - Ora, nos tempos antigos, quando a Lei entre os adeptos se estendia aos longes, vivíamos em gozo de liberdade; e nossos cultos e ritos tinham por local os mais nobres dos tempos.

XX - Mas correm agora dias infelizes, em que precisamos celebrar em secreto os nossos sagrados e santos mistérios.

XXI - E hoje que esta seja a Lei: que ninguém que não seja adepto possa estar presente a estes nossos mistérios; porque muitos são aqueles que não nos tem afecto; e a língua do homem na tortura se desata.

XXII - E hoje que esta seja a Lei: que nenhum dos locais de nossos círculos de adeptos sejam conhecidos pelos desafectuosos ou sejam por ali estejam.

XXIII - E nem saibam quem são nossos membros, com excepção apenas do Sumo Sacerdote e da Suma Sacerdotisa, bem como aquele que conduza as mensagens nas anunciações.

XXIV - E não se estabelecerá relação entre um e outro círculo de adeptos; salvo por mediação daquele que faz a anunciação dos Deuses, ou leva a palavra das convocações dos círculos.

XXV - E quando tudo esteja muito a salvo, é dito aos círculos dos adeptos que se encontrem em lugar determinado, em segurança, para celebração das grandes festas.

XXVI - E enquanto ali se acharem, nenhum dos presentes dirá de onde veio, nem seus nomes reais se farão conhecidos.

XXVII - E isto é para que, se algum deles for torturado ou interrogado, não possa, em sua agonia, dizer o que lhe mandam, pois não o sabe.

XXVIII - E fique este mandamento: que nenhum irmão ou irmã diga a um estranho à Lei, quem são os adeptos; que não declare nomes,; nem contará onde se reúnem; nem por qualquer forma ou maneira, trairá algum de nós aos que nos perseguem para a morte.

XXIX - Nem se dirá onde fica o lugar do Grande Conselho dos Adeptos.

XXX - Nem tampouco, a Sua Própria Sede, onde se encontram os seus companheiros Circulo, em particular.

XXXI - Nem onde serão os encontros do Círculo que fazes parte.

XXXII - E se alguém infringir as Leis, ainda que na sua agonia dos suplícios, sobre sua cabeça desabará a maldição da Grande Deusa, de tal modo que nem venha a renascer nestes elementos conhecidos por nós, e que sua permanência eterna seja no inferno dos que se dizem cristãos.

XXXIII - E que, cada uma dentre as Sumas Sacerdotisas presida sobre seu próprio Círculo, distribuindo amor e justiça, com ajuda e conselho do Sumo Sacerdote, e dos mais antigos, dando ouvido em constantes ocasiões, ao que traz a mensagem dos Deuses, nas anunciações que ocorrerem.

XXXIV - E ela dará ainda mais ouvidos às observações dos que se dizem irmãos; e todas as disputas e diferenças que haja entre eles sejam de sua responsabilidade.

XXXV - Entretanto, força é reconhecer que haverá em todos os tempos, adeptos discutindo com rivalidade para forçar suas decisões e vontade a outros.

XXXVI - Não que isso em si seja mau.

XXXVII - Porque muitas vezes, se expressam boas ideias; e as que sejam boas devem ser discutidas em Conselho.

XXXVIII - Mas havendo divergência ou incoerência quanto às ideias, no confronto dos irmãos e irmãs, ou se for dito:

XXXIX - “Não aceitarei as ordens da Suma Sacerdotisa”,

XL - É bom que se saiba: a Lei antiga sempre foi da conveniência dos adeptos unidos, e assim se evitarão disputas.

XLI - E quem discordar terá o direito de estabelecer um novo círculo de adeptos; e isso também é necessário quando um de seus membros precisar afastar-se, indo morar em local distante das Sedes, ou quando as vinculações ficarem perdidas entre o Círculo e esse adepto em particular.

XLII - E qualquer um que tenha sua moradia perto das Sedes dos Círculos dos adeptos, mas se mostre desejoso de estabelecer novo Círculo, assim o dirá aos mais antigos, declarando-lhes sua intenção. E isto dito, poderá afastar-se na mesma hora, e buscar outro lugar distante.

XLIII - Ainda assim, os que sejam membros de um Círculo antigo poderão mudar-se para o novo. Mas se o fizerem, e necessário removerem-se para sempre, do local do Círculo antigo, do qual faziam parte.

XLIV - Os mais antigos, do novo e do velho Círculo, porém, decidirão em entendimento mútuo, e com amor fraterno, sobre os novos rumos em que devem se firmar, na separação dos dois Círculos de adeptos da Lei.

XLV - E os praticantes da Arte que tenham suas moradias em local distante dessas ambas Sedes, fora de seus limites, poderão pertencer a um ou outro destes, e não aos dois no mesmo tempo.

XLVI - Entretanto todos poderão sob permissão dos mais antigos, comparecer aos festivais solenes, desde que haja paz e fraternal afecto entre os presentes.

XLVII - Mas quem leva a desavença ao seio dos Círculos dos adeptos é réu de punição severa, e para tanto se fizeram as velhas leis: assim, que a maldição da Suprema Deusa lhe desabe sobre a cabeça, a toda Lei que desconsiderar. E tal é o mandamento.

XLVIII - E se tu tiveres contigo um Livro Das Sombras, que este seja escrito por tua letra e de teu punho. Mas se qualquer dos irmãos ou das irmãs, for desejoso de ter uma cópia, assim será por certo; mas não deixes nunca que tal livro te saia das mãos; e nem tragas contigo, nem tenhas sob tua guarda aquilo que outra pessoa escreveu e que o seja de letra e punho deste.

XLIX - Eis que se tal livro for encontrado com outra pessoa, e seja de tua letra, esta pessoa poderá ser levada a julgamento.

L - E que cada um tenha consigo o que seja de sua mesma escrita e próprio punho, destruindo o que deva ser destruído, toda vez que estiver sob ameaça e risco maior.

LI - E que o que aprenderes seja perfeitamente sabido; mas, passado o perigo e afastados os riscos, escreverás em teu Livro, quando houver segurança; e o que antes tiveres escrito e destruído, nessas ocasiões o reescreverás.

LII - E se for sabido que algum dos adeptos morreu, será dever a destruição deste seu Livro Das Sombras, e de semelhantes, para que não caia em mãos erradas, entre profanos.

LIII - Prova constituirá, certamente, contra aquele profano que tiver o Livro de um dos irmãos da Arte, pois não é filho da Lei.

LIV - E contra também aos profanos que nos oprimem e dizem:
“Ninguém é bruxo e está sozinho”.

LV - Portanto todos os teus parentes e amigos podem se encontrar sob risco de torturas e investigações,

LVI - E isto é a razão porque tudo o que se escreveu deve ser destruído.

LVII - Mas se teu Livro Das Sombras for achado contigo, isto se demonstrará contra ti e somente tu serás citado às cortes profanas.

LVIII - Guarda em teu coração aquilo que se sabe da Arte.

LIX - E se o suplício for tamanho que não possas suportar, então dirás:
“Confessarei porque não sou capaz de resistir a estes tratos”.

LX - Mas que pretendes dizer?

LXI - E se tentarem fazer com que fales sobre teus companheiros, não o faças.

LXII - Mas se tentarem fazer com que fales de coisas impossíveis, das que não são usuais entre bruxos, tal como voar com cabos de vassouras; ter pactos com demónios, desses em que crêem os cristãos; sacrifícios de crianças,

LXIII - sacrifício de Virgens e inocentes; ou insinuações de canibalismo; poluição e profanação de hóstias; missas negras que se rezam nos ventres das mulheres devassas; poços de urina onde se profanam as coisas santas; ungüentos de invisibilidade; secar os leites das vacas; fazer cair granizo; moverem-se objectos pesados; danças em Sabaths presididas por Satanás, que recebe no ânus o beijo dito infame; se por fim, indagarem destas coisas,

LXIV - Dirás para que tenhas alívio dos padecimentos que te inflijam:
“Sim! Acho que tive pesadelos; ou meu espírito foi arrancado; ou me parece que tive um momento de insanidade e loucura

LXV Na verdade algumas autoridades têm compaixão; e se houver pretexto, poderão até agir com misericórdia. Cautela com frades e fanáticos.

LXVI - Se disseres algo, porém, que te comprometa, ou a outros companheiros, não te esqueças de negá-lo depois, desmentindo tudo, para afirmar - durante os maus-tratos - que nem saibas do que falavas.

LXVII E se te condenarem, não tenhas cuidado.

LXVIII É que teus irmãos, dos Círculos dos adeptos, são gente de poder e te ajudarão a fugir, desde que não percas a firmeza nem desates a língua. Se contudo, te traíres, ou aos demais, já não te restará esperança de salvação, nem nesta vida nem na futura.

LXIX - Não te inquietes: se em tua firmeza te conduzirem à fogueira do suplício - para o desfrute dos cristãos e de seus demónios -, teus irmãos te ministrarão drogas suavizantes, e te haverá conforto, e nem sofrerás dores. Para a morte partirás tranquilo, e para o consolo do além, que é o êxtase nos braços da Deusa Suprema.

LXX E teu gozo não será o da CARNE, mas sim do ESPÍRITO, que é na sua purificação, e elevação, que os adeptos se dedicam as suas obras.

LXXI -Mas para evitar que sejas descoberto, teus instrumentos de Arte serão bem simples, como os que são encontrados nas casas comuns dos profanos; e entre eles não se dirá nada.

LXXII É bom que os pentáculos sejam feitos de cera, de modo que logo se rompam, e mais rápido sejam derretidos, como qualquer obra artesanal.

LXXIII Em tua casa não terás armas, nem espada, a menos que as permita tua hierarquia no Círculo.

LXXIV Em tua casa não gravarás símbolos, nem sinais, nem nomes que soem estranhamente. Nem em nada os escreverás.

LXXV Quando for necessário seu uso, então escreverás com tinta, o que tiveres de traças e escrever, no momento das consagrações; e passadas estas, com a obra terminada, tu apagarás tudo tão logo não seja necessário continuar escrito.

LXXVI Nos punhos das armas quando te forem permitidas, mostrarás quem és entre os adeptos, mas não o saberão os PROFANOS, nem os que te perseguem.

LXXVII Nelas não farás gravuras, nem inscrições, para que pelos símbolos não conheçam tua condição, que assim serias traído.

LXXVIII Não te esqueças nunca que és um dos filhos secretos da Deusa Suprema; assim não desgraçarás a ti, nem a teus irmãos, nem a entidade divina.

LXXIX Seja modesto; Não uses de AMEAÇAS; não digas jamais que desejarias a PERDA ALHEIA, ou que te seria possível CAUSAR DANO a alguém.

LXXX - E se por acaso alguém que não seja do Círculo dos adeptos, se referir à Arte, lhe dirás: “Não me fales dessas coisas, que elas me apavoram”.

LXXXI - E o motivo para que assim procedas é que os que se declaram cristãos costumam por espiões por toda parte. Eles se gostam da perda e danos alheios, e pretextam e protestam afecto. E muitos são fingidos por sentir afinidade com a Arte e desejar reverenciar os deuses antigos.

LXXXII - Muitas vezes os propósitos cristãos são maus. Aos tais se negue sempre o conhecimento das verdades ocultas.

LXXXIII - A outros interessados na Arte porém se dirá: “Falem aos homens que feiticeiras e bruxos que voam pelos ares cavalgando vassouras é pura estupidez. E para que isto fosse possível, haveriam de ter pelo menos a leveza dos flocos que a brisa sobre das árvores. E se diz que bruxas e bruxos são feios e vesgos; sempre velhos e feios. Que prazer terá alguém em estar nas suas assembleias ou Sabaths, segundo o personagem criado que estes profanos dizem existir?”

LXXXIV - E acrescente: “Os homens de bom senso sabem que tais criaturas não existem de verdade”.

LXXXV - Procura sempre ter como passageiras estas tais coisas; que algum dia hão de acabar as perseguições e a intolerância, quando voltaremos em segurança, a reverenciar os Deuses do passado.

LXXXVI- Oremos para que venham dias mais felizes.

LXXXVII - Que as bênçãos da Suprema Deusa e dos Deuses sejam com todos aqueles que respeitam estas Leis e obedecem aos mandamentos.
LXXXVIII - E se por acaso há alguma propriedade característica da Arte, seja ela mantida, cooperando todos a preservá-la em sua simplicidade e pureza, para bem de cada um dos adeptos.

LXXXIX - E se algum dinheiro ou valor do bem comum for confiado a qualquer um dos adeptos, que ele cuide de agir honestamente.

XC - E se algum dos irmãos do Círculo realizar de fato alguma tarefa, é justo que se lhe dê uma recompensa; porque não se trata aqui de receber pagamentos por obra da Arte, mas sim por recompensa de trabalho honrado.

XCI - Isto o permite a Lei, com boa-fé. E mesmo os que se dizem cristãos falam assim: “O jornaleiro é digno de seu salário”, e tais palavras estão em suas Escrituras. Entretanto, se algum dos irmãos quiser trabalhar, em algum serviço para o bem da Arte, e por amor que lhe tem, sem receber qualquer recompensa, a ele e a todos do Círculo lhes recaíram grande Honra. A Lei o permite, e o mais que se ordenou.

XCII - E havendo alguma disputa ou discussão entre os adeptos, rapidamente a Suma Sacerdotisa reunirá os mais antigos, ouvindo-se todos os fatos e partes, cada um por sua vez e ao final em conjunto.

XCIII - A seu tempo se decidirá com justiça, sem que o sem razão seja favorecido.

XCIV - Sempre se reconheceu existirem aqueles que não concordam em trabalhar sob ordens dos outros.

XCV - Mas ao mesmo tempo foi reconhecido que existem os que são incapazes de julgar com justiça, ou dirigir com boa-fé.

XCVI - E quanto aos que são incapazes de obedecer, mas só cismam de mandar e dirigir, eis o que se lhes dirá:

XCVII - “Não fiquem neste Círculo, ou estejam em outro, ou ainda saiam a organizar seu próprio Círculo, ou nele mandem, levando consigo os que os acompanhem

XC VIII - E os que forem inconciliáveis, estes se retirem.

XCIX- Eis que ninguém pode estar num mesmo círculo em que se apresentem aqueles com os quais não estejam em harmonia.

C - Os que discordem de seus irmãos não podem conviver com eles na prática da Arte, mas esta há de permanecer com a ausência dos mesmo, que tal é o nosso mandamento.

CI - Nos tempos antigos, quando éramos poderosos, nada impedia que usássemos da Arte contra todo que atentasse contra nossos irmãos e irmãs. Nestes dias, porém, quando impera o mal, não devemos agir desta sorte. Eis que nossos desafetos inventaram uma abismo onde arde o foto eterno, no qual, a seu dizer, seu próprio deus lança todos aqueles que o adoram, salvo uns muitos poucos eleitos, que são salvos por mediação de sacerdotes, por míeío de práticas, ritos, missas e sacramentos. E nisto tem muito peso o dinheiro, quando dado em abundância; e os favores dessa lei se pagam alto e caro, em ricas doações, porque a sua igreja é sempre sedenta e faminta de bens palpáveis.

CII - Nossos Deuses, porém, nada exigem, nada pedem, requerendo, ao invés, nosso auxílio, para que sejam abundantes as colheitas, e entre os homens e as mulheres haja fertilidade, e nada lhes falte; visto que manipulam o poder que levantamos na grande obra dos Círculos dos adeptos; e como os ajudamos, na mesma medida somos ajudados.

CIII - A igreja, contudo, dos que se dizem cristãos, carece da ajuda dos seus; para que a utilize, não para algum bem, mas para nosso mal; para descobrir-nos, perseguir-nos, destruir-nos; E suas ação não tem fim. E seus sacerdotes ousam afirmar-lhes que os que buscam nosso auxilio serão prejudicados eternamente no fogo do inferno. E isto de causar temor é que induz à loucura.

CIV - Tais sacerdotes acenam-lhes com uma oportunidade de salvação, fazendo-os crer que, alimentando-nos, escaparão eles a seu próprio inferno, como o chamam. Eis porque vivem todos os que se dizem dessa lei a espionar-nos, pensando em seu coração: “Basta-me apanhar um só desses bruxos, ou uma só dessas feiticeiras, para que me furte ao abismo do fogo eterno”.

CV - Assim, pois temos de nos refugiar em abrigo ocultas; e os que nos buscam, e não nos acham, usam dizer: “Já não os há; ou se algum existe, seu lugar não é aqui, ou bem remoto”.

CVI - Porém, quando vem a perecer algum dos que nos oprimem, seja por qualquer meio de morte ou até doenças; ou mesmo adoece, logo dizem: “Ora, trata-se de malícia dos tais bruxos”. Com isto tornam à caçada. E ainda quando matem dez ou mais dos legítimos por um só verdadeiro dos nossos, isto não nos preocupa. É que seu número se conta em muitos milhares.

CVII - Mas nós sabemos o quão poucos somos, e nossa Lei é nos rege.


CVIII - Por isto mesmo nenhum dos nossos recorrerá à Arte por VINGANÇA, nem para CAUSAR DANO a ninguém.

CIX - E por mais que nos maltratem, injuriem e ameacem, a nenhum se causará MAL. E nos dias que correm, inúmeros são os que descrêem em nossa existência. E isto é bom.

CX - Assim, portanto, estaremos sempre ajudados desta Lei, em nossas dificuldades; mas ninguém dos nossos - por maiores injustiças que possa vir a receber, usará os poderes em punição dos culpados, nem causará qualquer dano. Os adeptos poderão após consulta entre seus irmãos da Arte, recorrer a esta, conforme for determinado, para resguardo contra perseguições movidas pela igreja que nos injuria, não, porém, para levar castigo aos dessa que o mereçam.

CXI - Em tal fito, o injuriado assim dirá: “Eis que surge um perseguidor combatente, e investiga nossas ações, indo em perseguição de pobres anciãs, das que estão à vontade na Arte, ou disto suspeita; ninguém entretanto lhe fez mal por esta causa, e isto mostra realmente que elas não poderiam em nada ser feiticeiras, por não praticarem malícias; ou então, na verdade não existem, ou já não existem bruxos ou bruxas.

CXII - É fato notório que muitos têm sido mortos, porque alguém lhes tinha algum ressentimento; ou então foram perseguidos por se saber que possuíam dinheiro, ou outra forma de bens passíveis de seqüestro, e nem se contavam entre os adeptos; ou ainda, não dispunham de meios para subornar os agentes da perseguição. E muitas, ainda foram mortas por serem velhas rabugentas ou resmungonas. Na verdade se diz entre os que nos perseguem, que somente as velhas costumam ser bruxas.

CXIII - E isto coopera para nossa vantagem e proveito, desviando-se de nós a suspeita do que somos.

CXIV - Graças ao sigilo, muito tempo é passado, na Escócia, como em
Gales e na Inglaterra, sem que se tenha punido de morte algum adepto.
Entretanto, qualquer abuso de nossos poderes tornaria a causar as
perseguições obsessivas.

CXV - Dizemos aos nossos irmãos que não infrinjam a Lei, por maior que lhes seja a tentação de fazê-lo; e jamais permitam que haja infrações destas, a mínima que seja.

CXVI - E se alguns dos nossos vier a saber que se infringiu a Lei, breve será a sua reação contra esse risco.

CXVII - E qualquer Suma Sacerdotisa ou Sumo Sacerdote que possa concordar com essas infrações, é réu de culpa, e a retirada de seu posto será seu castigo; visto que seu consentimento implica risco de que o sangue de nossos irmãos seja derramado, e algum deles seja levado à morte pelos eclesiásticos da igreja que nos persegue.

CXVIII - Mas que se faça o bem, e com determinação e em segurança. CIX - Todos os membros dos nossos Círculos se mantenham no respeito da Lei, venerável e antiga.

CXX - E que nenhum dos nossos aceite, NUNCA, algum pagamento por serviços da Arte, pois o dinheiro é como mancha que marca aquele que o recebe. Na verdade é coisa muito sabida que somente os MALÉFICOS
- que praticam a Arte Negra, e conjuram os mortos - e os sacerdotes da igreja aceitem dinheiro pelo que fazem; e nada fazem sem que lhes haja bom pagamento. E vendem, ainda mesmo, o perdão das almas, para que os maus se furtem à punição dos pecados.

CXXI - Que nossos irmãos não sejam destes ou como eles. Se um dos adeptos aceitar dinheiro, ficará exposto às conseqüências por usar a Arte para a causa do mal. Mas se não o fizer, assim não será, certamente.

CXXII - Todos contudo podem utilizar a Arte em seu proveito e bem próprio, ou para a glória e bem da Arte, desde que haja certeza de que
NÃO CAUSAR MAL A NINGUÉM.

CXXIII - Que todas estas coisas antes, entretanto, sejam conselho entre os adeptos, em seu próprio Círculo. E as resoluções serão prudentes e
meditadas. Somente se usará a força da Arte havendo o acordo mútuo de opiniões de que ninguém sofrerá, ou de que não sobrevirá o mal.

CXXIV - Mas quando não houver maneira possível de se conseguir o pretendido segundo se determinou, será talvez possível que os mesmos fins sejam alcançados de outros modos, sem que haja dano, nem aos nossos, nem aos profanos. E que a maldição da Deusa Suprema seja sobre a cabeça de todo aquele que infringir esta nossa Lei. Este é o mandamento.

CXXV - E entre nos se considera justo e legal que, caso um dos adeptos possa estar precisando de casa ou moradia, ou terras, e ninguém queira vender-lhe, podem os adeptos usar a Arte para inclinar os corações e disposição de quem as possua, desde que não haja prejuízo sob qualquer forma, pagando-se sem maiores discussões o preço justo que for exigido.

CXXVI - Que nenhum dos nossos menospreze os valores que pretenda adquirir, nem venha a discutir, se comprando algo por persuasão da Arte. Este é o mandamento.

CXXVII - É velha lei, e a mais importante das nossas, que ninguém dentre os adeptos da Wicca venha a fazer coisa alguma a qual possa implicar PERIGO a seus irmãos na Arte; ou outro ato que os coloque ao alcance da lei comum da terra, ou à mercê de quaisquer perseguidores, civis ou eclesiásticos.

CXXVIII - E passada a rivalidade, o que é lamentável, entre os irmãos, nenhum deles pode invocar alguma lei senão aquelas da Arte.

CXXIX - Ou nenhuma jurisdição ou tribunal, salvo o da Sacerdotisa ou do Sacerdote, de seu Círculo, e também dos mais antigos entre os adeptos.

CXXX - E não se proíbe aos adeptos dizerem, como o fazem os da igreja:
“Há feitiços nesta terra”, visto que os nossos opressores de longe e há muito tempo, nos vêem como heréticos, por mostrar-nos descrentes às suas doutrinas.

CXXXI - Mas seja o vosso falar: “Ignoro que haja aqui algum bruxo; mas é fato que talvez isto seja verdade em lugares mais distantes; mas onde, não sei”.

CXXXII - Mas se deve falar deles, os bruxos e feiticeiras, como sendo uns velhos rabugentos, que têm pactos com os demônios dos cristãos, e se movem pelo ar em vassouras.

CXXXIII - E que se acrescente em todas essas ocasiões: “Entretanto, como lhes será possível moverem-se pelo ar, quando não se dão conta da leveza das penugens das plantas?”.

CXXXIV - Mas que a maldição da Suprema Deusa caia sobre todo o que lançar suspeitas sobre qualquer um de nossos irmãos.

CXXXV - E que assim seja, igualmente, com os que se referirem a um dos locais do encontro, e seja isto verdadeiro; ou onde morem os adeptos, e seja isto verdadeiro.

CXXXVI - E devem os Círculos da Arte manter livros com registro das plantas benéficas e todos os meios de cura, de forma que os adeptos possam aprendê-los.

CXXXVII - E que haja outro livro, para informações, inclusive dos auges astrais; e que somente os mais antigos e outras pessoas dignas de muita fé tenham conhecimento destas informações. Este é o mandamento.

CXXXVIII - E que as bênçãos dos Deuses e Deusas se cumulem sobre todos quantos guardarem ditas leis; e que a maldição dos Deuses e Deusas seja sobre a cabeça dos que porventura as venham a infringir.

CXXXIX - E seja lembrado ser a Arte sigilo dos Deuses e Deusas; sendo pois, usada em ocasiões graves; nunca por mera mostra de poder e de forma imprudente.

CXL - Os adeptos da magia negra e os que seguem os dizeres da igreja poderão importunar-vos, dizendo “Eis que não tens poder nenhum; mostra-nos se és capaz de algo. Faça uma magia diante de nós, que acreditaremos.”; mas, porém, pretendem que um dos nossos venha a trair a Arte perante seus olhos.

CXLI - Não daremos ouvidos a estes, pois a arte é sagrada, e aplica-se somente quando necessário. Sobre os infratores desta Lei, recairão as maldições da Suprema Deusa.

CXLII - Sempre foi de costume dos homens assim com das mulheres que buscassem novos amores; e isto não é causa de que sejam reprovados, assim como não é de louvação.

CXLIII - Mas esta prática pode constituir prejuízo à Arte.

CXLIV - E assim, pode ser que a Suma Sacerdotisa ou o Sumo
Sacerdote, por motivo de amor, siga os passos de quem lhe interessar.
Com isto ele ou ela deixará o Círculo que é de sua responsabilidade.

CXLV - E se alguma das Sumas Sacerdotisas desejar seu posto e estado por este amor, que o faça anunciando-o perante o Conselho.

CXLVI - Com tal renúncia, sua desistência tem valor entre todos os adeptos.

CXLVII - E se alguém de posição sacerdotal parte sem dizer de suas intenções, e sem renunciar, como se saberá passado algum tempo se retornará ao Círculo?

CXLVIII - Por estas causas se estabeleceu Lei, pela qual, se a Suma Sacerdotisa deixa o círculo de seus adeptos, sem renúncia, lhe é opcional o retorno, e tudo estará como era antes.

CXLIX - E enquanto estiver ausente, se há alguém que lhe preencha as funções, esta outra assim procederá, até que a Sacerdotisa regresse, ou enquanto esteja ausente.

CL - Mas se ela não voltar no tempo de um ano e mais um dia, ilegítimo ao Círculo dos adeptos, compactuados entre si, escolher por eleição uma nova Sacerdotisa.

CLI - Isto não se passa quando há justo e bom motivo para tanto.

CLII - Aquela que lhe fez o oficio colherá benefícios e será recompensada pelo seu trabalho, como assistente e substituta da Suma Sacerdotisa.

CLIII - Tem sido verificado que a prática da Arte estabelece vínculos de afeto entre os aspirantes e mestres; e quanto maior o afeto, tanto melhor será.

CLIV - Se entretanto por alguma causa isto for inconveniente, ou indesejável, isto se evitará facilmente, decidindo quem aprende e quem
ensina, desde o princípio, mantendo-se nas relações que vinculam irmãos e irmãs, ou pais e filhos, sem qualquer relação carnal.

CLV - O aspirante a adepto do Círculo da arte só pode ser instruído por mulher; e a postulante somente por homem; e eis que duas mulheres, ou mais, não devem praticar entre si, visto que a força vem de um sexo para outro; e igualmente dois homens ou mais não devem praticar a arte entre si - o que se opõe à Lei - e nisto vai abominação; e já dissemos a causa.

CLVI- É necessário que haja ordem e que a disciplina seja constante.

CLVII - À Suma Sacerdotisa ou ao Sumo Sacerdote é que cabe dar castigo aos que caem em falta e isto é seu direito.

CLVIII - Portanto, todos os do Círculo dos adeptos devem receber de boa-fé o castigo que mereçam; quando o mereçam.

CLIX - E assim, tomadas todas as providências cabíveis, deve o culpado postar-se de joelhos confessando falta para ouvir a sentença.

CLX - Mas ao amargo deve suceder o doce; e ao desagradável o ameno; após o castigo convém que haja alegria.

CLXI - O réu confesso reconhecerá que se fez justiça, como convinha, aceitando o castigo, e beijará a mão da Suma Sacerdotisa ao passar-lhe a sentença condenatória. E, além de tanto, agradecerá ainda que tenha sido castigado, pois isto sucede por seu bem e edificação. Esta é a Lei e seu mandamento.

CLXII - Por nossa prescrição final: que todos os adeptos guardem a Lei, segundo aqui foi escrita, e os mandamentos e ordenações da Arte essencial, venerável e antiga. Em suas mentes e corações guardem a Lei. Mas, em risco de morte, seu livro deve ser destruído, para que nada se prove, e nem haja risco maior a seus irmãos; nem venha ninguém a condenar-se por seu compromisso. Com isto se preservará em todas as condições e sob quaisquer circunstâncias, a tradição e o ensinamento da Deusa Suprema, conforme o Legado Antigo.

Ritual da Consagração das Armas Mágicas Menores

Por Apollonius Sohistes 1996 (Adaptado)


Material Necessário: Sal, água, incenso, vela e um fogo para o altar.

Procedimento:

*Prepare o altar
*Ter peças para serem consagradas no ou próximas do altar.
*Círculo projetado
*Sal e água consagrados (se não já feito como parte da projeção do círculo)

Para cada peça a ser consagrada, faça o seguinte:

Levante a peça e diga:
«Athena, Ouça!
Hephaistos, escute!
Eu os convoco e todos outros Deuses da Feitiçaria!
Eu dedico e consagro este anel (ou qualquer outra peça) a vocês.
Se alguma vez eu tiver preenchido meus votos e agradado vossos corações, agora limpem este anel (ou qualquer outra peça mágica) de todas tentações e todas corrupções.
Purifique isto para meu uso e para Vosso serviço. »

Medite sobre a peça, na sua história e construção, nos propósitos que tem para ela; mandando-lhe energia purificadora.

Aspirja a peça com sal (representando terra)

Aspirja ela com água consagrada (representando água)

Passe a peça pela fumaça do incenso (representando o ar)

Passe ela pelo ou sobre a vela ou o altar flamejante (representando o fogo)

Mantenha a peça para cima, apontada para cima, e comande:

«Eu te carrego pelos poderes das Deusas e dos Deuses, pelo Sol e Lua e Estrelas, pelo Fogo, Água e Ar, para servir às Deusas e Deuses por mim.
Eu te consagro pelos nomes:
Athenas!
Hephaístos!
Pelos nomes de todos Deuses e Deuses!
Que assim seja!»

Use a peça imediatamente ou mantenha com você por um dia todo.

Repita para cada peça.

Feche o círculo.

Nota:

Outros deuses além de Athena e Hephaistos podem ser invocados, desde que apropriado para a peça.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Mitologia - Ningal e Nana

NINGAL E NANA

Como a Deusa dos Sonhos encontrou o Senhor da Lua

O culto de Ningal e Nana era comum durante a Terceira Dinastia de Ur.
Mito que contém uma lição de moral para jovens enamorados: a sexualidade deve ser praticada em termos ideais dentro do contexto do matrimonio.
Um dos aspectos mais interessantes da Mesopotâmia é que apesar de ser permitida alguma liberdade para os jovens se encontrarem antes do casamento, ‘ não existe promiscuidade ou adultério entre os casais de deuses e deusas formadores do panteon mesopotâmico, ao contrário do que ocorre na literatura grega’ (Leick, 1994:35).
Ningal aqui é chamada de Deusa da Interpretação dos Sonhos, conforme Leick (1991).


Quando Nana, o Deus da Lua, o primogénito de Enlil e Ninlil, Deus e deusa do Ar, apareceu nos céus, o jovem Deus que era a Tocha brilhante de seu avô Anu, o Deus do Firmamento, ao se renovar e iluminar a luz difusa dos primeiros tempos da criação, trouxe consigo o Tempo, a medida cósmica que permite a contemplação da Eternidade através dos pequenos e grandes acontecimentos que dão significado às nossas vidas.
Pois à medida em que Nana se movia pelos céus da noite, mudando de brilho crescente a decrescente, para crescer e decrescer de novo, as portas do céu se abriam para deixar passar dias e noites, meses e anos.
E maravilha das maravilhas, a passagem de Nana fazia com que a vida entrasse em perfeita sincronia com o seu brilho de prata: as marés, a ida e vinda das enchentes da Primavera para renovar a fertilidade da terra, o crescimento dos juncos, o respirar das plantas, a abundância de leite, queijo e creme dos rebanhos, e mais do que tudo, no sangue sagrado de todas as mulheres.
Portanto, Nana, a Lua era ao mesmo tempo jovem e velho, trazendo descanso para a terra e os seres vivos, sonhos e todas as fantasias.
Amado por muitos, igualmente temido por outros tantos, o brilho da lua fazia tudo igualmente próximo e longínquo, tão perto e ao mesmo misteriosamente remoto.
Sua era uma estranheza tanto íntima quanto assustadora, pois a chegada de Nana trazia doces sonhos ou fantasias esquisitas durante o sono.
Mas se se quisesse ficar acordado e fazer companhia ao Senhor da Lua ao longo das horas pequenas da noite, Nana também concedia vigilância e iluminação para o estudante diligente dos mistérios da alma.
Uma destas estudantes era uma jovem deusa Anunaki chamada Ningal.
A jovem Ningal vivia na região dos pântanos, nas proximidades da antiga povoação de Eridu. Ningal era a filha adorada de Ningikuga, a Deusa dos Juncos e de Enki, o Deus das águas doces, da mágica e das artes.
Esbelta, de longos cabelos negros e olhos mais escuros do que noite sem luar, Ningal era quieta apenas na aparência.
Dentro, ela era dona de uma intensidade profunda e sensual, bem como tinha o dom de revelar a linguagem do desconhecido contida em imagens, lendas antigas, na poesia e, mais do que tudo, em sonhos.
Ela era naturalmente espontânea mas reservada.
Interpretar sonhos, saber a linguagem de imagens lindas e bizarras, não era um dom fácil de se ter ou compartilhar.
Por quê, pode-se muito bem perguntar?
Simplesmente porque sonhos expressam em imagens o tecer interior da vida através de símbolos, assim como também mostram o reverso secreto que o exterior de nossas vidas tenta esconder ou não quer ver.
Ningal havia aprendido, muitas vezes da forma mais difícil, que para achar o verdadeiro significado de um sonho, era necessário manter o equilíbrio entre as imagens exteriores que ela recebia, e daí levar em consideração três pontos importantes.
Primeiro, era preciso saber se estas imagens eram parte da Memória da Terra desde o inicio dos tempos ou não.
Segundo, era necessário ver se as imagens recebidas faziam parte do conhecido ou do desconhecido para ela, e terceiro, tentar entender a linguagem cifrada das imagens do sonho, para poder encontrar dentro delas as pistas para cura e compleitudo contidas nos sonhos grandes e pequenos.
Sonhos eram professores exigentes e caprichosos: o conhecimento obtido através da interpretação deles trazia tanto riso quanto lágrimas, quando o entendimento subia às maiores alturas ou descia às profundezas como estrela cadente.
No fundo, porém, Ningal sabia que apesar das lágrimas, ela não suportaria não saber, ou ignorar a essência da vida. E que talvez sabedoria para ela quisesse dizer o sorriso além das lágrimas. Desde que Ningal podia se lembrar, no mundo mágico dos pântanos, onde ilhas surgem das águas do azul mais profundo margeadas por palmeiras, ela seguia a progressão de Nana pelos céus da noite.
Uma sensação de maravilha, assombro e mistério tomava conta de Ningal sempre ela via o brilho da lua reflectido nas águas e sentia todo impacto da passagem do Senhor do Brilho de Prata no seu corpo, nas suas mudanças de humor, dentro da alma.
Mãe Ningikuga balançava a cabeça, mas nada dizia.
Ela, a sábia Deusa dos Juncos, a Soberana dos Pântanos, a grande amiga de Enki e diligente Tecelã que ensinou à humanidade a arte de tecer juncos para a construção dos primeiros templos e casas construídos pelo homem na Mesopotâmia, sabia o que a timidez natural da donzela ainda não podia revelar.
Ningal tinha-se apaixonado por Nana.
Ningikuga, portanto, apenas cuidava de Ningal, respeitava o silêncio da donzela.
Logo, tinha certeza, Ningal iria amadurecer como deusa e donzela da Casa Sagrada dos Anunaki. Então ela saberia escolher o desejado de seu coração, cantar para ele uma canção de noiva.
As Canções de Noiva falavam a respeito do desejo da donzela pelo amado, seu desejo de ir ao seu encontro, e da antecipação do prazer sexual compartilhado no Rito do Casamento Sagrado. Ningikuga sabia que logo Ningal iria amadurecer como mulher.
Então ela iria saber quem escolher, e anunciaria a escolha de seu coração numa canção de amor para o amado.
Este jovem seria Nana, porém?
A Lua teve de completar outro ciclo ao longo das estações até que finalmente Ningal encontrasse a sua voz para se dirigir ao amado pela primeira vez.
Então, uma noite, quando Nana apareceu nos céus anunciando o começo da primavera, Ningal sentiu finalmente que podia cantar para Nana a canção do seu coração, o desejo do seu corpo e o anseio da sua alma.
Será que ele iria aceitá-la?
Ningal não tinha certeza, mas com surpresa e alegria percebeu que ela esperava, mas não sofria, por Nana.

"Conhecendo Sonhos como conheço," ela constatou simplesmente para si mesma," apesar de esperar que Nana seja realmente o profundo desejo da minha alma, será que ele vai ser também a delícia do meu dia-a-dia, o meu Companheiro dos Mistérios da Vida?
Mas sem antes encontrá-lo, como poderei saber se ele é realmente o Amado, e não um Potencial Não Realizado?"

No fundo, Ningal sabia, porém, que como o leão queria apenas a sua aveludada e feroz fêmea, como o tigre só se deita com a sua tigresa, ela sonhava fazer dos braços de Nana o seu ninho, se ele se rendesse às suas carícias.
Pois então ela cantou:

- Salve, Nana, é Ningal que chama /
Salve, Nana, da noite o esplendor! /
Bem-vindo seja, ao mundo em que eu vivo /
Oh sonho mais querido, desejo abrasador. /
Vem para mim, pois quero te encontrar. /
Te conhecer, para saber te amar. /
Será você o senhor do meu desejo? /
Grande abraço pra meu beijo? /
O meu grande amor?

Naquela noite, no começo da primavera, Nana olhou para a região dos pântanos, pois havia escutado uma canção, a canção de Ningal.
O Deus da Lua ouviu a voz da donzela, viu a face de Ningal voltada para os céus, sorrindo para ele.
Nana estremeceu, pois em Ningal ele reconhecia a delícia de um Sonho profundo tornado realidade.
Pois tanto quanto ele podia-se lembrar, uma donzela tinha sido a Companheira Silenciosa das suas jornadas nocturnas, sempre retornando para cativá-lo a cada noite, no decorrer de todas as estações.
Os olhos dela, escuros e enigmáticos, sua beleza a um tempo cultivada, vivaz e silvestre tinha atraído o interesse do filho de Enlil e príncipe dos jovens deuses, desafiando-o com perguntas silenciosas e promessas mil, mesmo sem falar.
Nana viu Ningal e amou-a mais do que qualquer outra.
Desejo tão grande pela jovem deusa sentiu o Deus da Lua que imediata e impetuosamente ele desceu dos céus para ir encontrá-la na terra e lhe perguntar:

- Ningal, companheira silenciosa da minha alma que vagueia pelo espaço, as horas da noite estão chegando ao fim, e logo terei de desaparecer, para voltar apenas na noite que vêm.
Mas antes de te deixar, eu suplico que ouça o mais humilde e cortês pedido daquele que apenas ser teu melhor amigo, dos amantes, o mais querido.
Senhora do meu coração, espelho da minha alma, agora que te encontrei, meu sangue canta, meu coração bate, minha cabeça se enche de imagens maravilhosas, todas vindas de ti!
Mal posso esperar para ter-te em meus braços e compartilhar contigo todas as delícias de nossos corpos!
Portanto, Ningal, se me amares de verdade, tanto quanto eu sinto que te amo, eu te suplico que venha até mim amanhã na lagoa, próxima aos Grandes Pântanos.
Oh, senhora do meu coração, não tenha medo da escuridão, pois minha luz irá te guiar.
Nada e ninguém irá te causar tristeza ou dor, mas para assegurar a tua salvaguarda, corta alguns juncos e usa-os para abrir teus caminhos até mim.
Eu trarei ovos de pássaros para comermos, nós beberemos das águas límpidas da lagoa.
Oh, minha doce senhora, por que esperar pelo tempo certo para nos encontrarmos em público num dos próximos eventos, por que esperar tanto pelos ritos do casamento?
Amada, vem para mim, mas em segredo, para não causarmos transtornos as nossas famílias, para os mais velhos deuses e deusas desta terra, que querem os costumes sagrados seguidos ã risca, em todos os momentos!
Se realmente me amares, Ningal, como eu estou te amando, vem amanhã me encontrar, e faremos nossos melhores sonhos verdade pela primeira de muitas outras vezes!

Tomada de surpresa, mas cheia de alegria, Ningal não pensou duas vezes:

- Como tu vieste hoje até mim, adorado, com certeza amanhã irei até ti.
Tu és realmente o desejo do meu coração: não posso fugir ou recusar teu convite.
Oh, meu doce senhor, tenho sonhado contigo por tanto tempo!
Por que então devo eu, ou devemos nós esperar pelo tempo certo para nos encontrarmos, aguardar a demora dos ritos do casamento, ao invés de termos para nos dois, já, estes momentos?
Confiante na forca de ser muito amada, Ningal fez exactamente o que Nana tinha-lhe pedido, nada contando a Ningikuga sobre seu encontro com o Deus da Lua, e o outro, a caminho. Realmente, Nana tinha razão. De outra forma, levaria muito mais tempo para ambos se encontrarem, sem a companhia de amigos, irmãos ou de ambas as famílias.
De acordo com os ritos antigos, não somente o jovem casal deveria se amar, mas também ambas as famílias deveriam se dar bem.
Para encontrar Nana, Ningal passou o dia na mais alegre expectativa, fazendo cuidadosos preparativos.
Para ele, ela se banhou; para ele, ela passou óleos caros no corpo; para dar-lhe o prazer de vê-la bonita, Ningal vestiu-se com suas melhores roupas e adornos.
Intrigada, os olhos de Ningikuga seguiram os preparativos cuidadosos de Ningal.
Ningikuga ergueu uma sobrancelha inquisidora, abriu a boca uma ou duas vezes para fazer algumas perguntas, mas calou-se, resolvendo não dizer palavra alguma, não tecer qualquer comentário ate’ ser mais esclarecida sobre o que estava acontecendo com Ningal.

‘ Mamãe está me observando com tanta atenção, será que ela sabe de alguma coisa, percebeu que algo mudou?’
Perguntou-se Ningal.
‘ Talvez ela tenha percebido, mas não lhe direi nada por ora.
Mamãe e’ tão correta, gosta das coisas tão organizadas e duradouras, que se eu lhe falar alguma coisa sobre Nana, ela certamente não me deixará ir até’ ele hoje à noite.
Ou amanhã ou depois de amanhã, se não seguirmos ao pé da letra os costumes sagrados.
Isto quer dizer simplesmente que eu só poderei encontrar o meu amor no próximo grande festival, que esta’ a semanas de distancia!
Mil desculpas, mamãe, mas desta vez eu terei a palavra final sobre esta questão!

Naquela noite, quando deixou a casa de juncos , Nigal brilhava tanto quanto a lua cheia. Igualmente tão lindo quanto ela, o Deus da Lua veio em seu maior fulgor, e com todo respeito, carinho e maior das cortesias, tal qual o príncipe herdeiro dos grandes deuses ao cortejar a alta sacerdotisa antes do casamento sagrado.
Eles se encontraram em segredo, mas amaram à luz das estrelas, a céu aberto, muitas e muitas vezes ao longo de toda aquela noite e mais.
Pois noite após noite, durante aquela quinzena, até o dia em que Nana deveria partir para iluminar o Mundo Subterrâneo, o Deus da Lua e a Deusa da Interpretação dos Sonhos se encontraram para se amar.
Finalmente, veio a última noite antes do retorno de Nana para iluminar as Grandes Profundezas.
Após festejarem com alegria e reverência sua paixão, nos momentos depois do prazer compartilhado, Nana beijou Ningal e sussurrou nos cabelos dela o reconhecimento de um grande anseio que ele finalmente admitia para si e para ela:

- Case comigo, Ningal, Tocha que brilha dentro de mim, luz que sempre iluminou a minha hora mais escura.
Alegria imensa encheu o coração de Ningal, mas o brilho de Nana estava rapidamente desaparecendo do Mundo Físico.
Ningal sabia, porém, que ele estava brilhando mais do que nunca nas profundezas do Mundo Subterrâneo, dentro do seu coração, em cada célula de seu corpo e principalmente, dentro da sua alma.

- Na tua volta, adorado, ela respondeu, falaremos neste assunto.

Mas em todos os mundos, nas Esferas Superiores, no Mundo Subterrâneo, no Mundo Físico, os grandes deuses, que tudo sabem, viram o pacto de amor secreto de Nana e Ningal.
Eles, os Senhores do Equilíbrio de Todos os Mundos, aprovaram com alegria a escolha dos jovens amantes, mas ficaram intrigados pelo interesse deles em deixar em segredo uma felicidade que não deveria ser escondida.
Havia também a impetuosidade de Nana por ter seduzido Ningal, convidando-a para encontra-lo nos pântanos, sem pedir licença para os pais dela ou mesmo comunicar tal intenção aos seus.
De alguma forma o entusiasmo de Nana tinha de ser contido, pois ele deveria antes de mais nada fazer suas intenções a respeito de Ningal claras e honradas não apenas para ela, mas para todos os Anunaki.

Os grandes deuses, os Anunaki, eram os guardiões da terra, os patronos da ordem e do equilíbrio, a sustentação moral e espiritual para todos os seres vivos.
E o amor, sendo a Forca e Alegria da Vida, forma a Base da civilização, tendo portanto de ser protegido e atenciosamente preservado em todos os mundos.
Juventude não constituía uma desculpa para irresponsabilidade no amor.
Então desta vez as trevas da noite duraram mais tempo, pois nuvens encheram os céus, escondendo o brilho da Lua Nova de Nana.
Teria sido esta talvez a forma que os grandes deuses escolheram para fazer o impetuoso Nana revelar a todos o seu amor por Ningal?
Na região dos pântanos, Ningal olhava impacientemente para os céus da noite, mas manteve silencio sobre o desejo do seu coração.
Ela sabia que Nana estava lá fora, alem das nuvens pesadas e escuras, e exerceu paciência para esperar pelo seu retorno.
Uma primeira, uma segunda e uma terceira noite sem luar se sucederam desde a Lua Nova. Nana, encoberto por nuvens densas e escuras, não podia ser visto em nenhum ponto dos céus.

'Amado, quando outra vez?’ começou a se perguntar Ningal, dúvidas entrando no seu coração. Difícil ainda mais era ter de guardar o silencio só para si, não poder dividir suas preocupações com a mãe, que provavelmente teria algo para sugerir, ou dizer-lhe o que fazer para ver Nana mais uma vez.
Foi então que um forasteiro, trajando uma longa capa com um grande capuz, chegou à casa de juncos de Ningikuga e Ningal.
Quando o estranho cruzou o limiar do portal da casa, saudando a donzela e sua mãe com a cortesia de um príncipe, como se ele mesmo fosse o filho de um dos grandes deuses, Ningal, com a intuição aguçada de amante, reconheceu o forasteiro por quem ele realmente era: Nana em disfarce.
Seu coração deu um salto de alegria, cheio de antecipação, mas por causa do pacto de segredo por eles jurado, Ningal nada disse, esperando o desenrolar dos acontecimentos.
Depois de ter-se alimentado e bebido, o viajante enumerou a Ningal e Ningikuga todos os produtos deliciosos que ele diligentemente havia reservado para a querida de seu coração, caso ela fosse encontrá-lo mais tarde aquela noite na região dos lagos.
Ningal sentiu o calor subir ao rosto, e imediatamente seus olhos voaram para a face de, Ningikuga, que levantou uma sobrancelha interessada e começou a bombardear o viajante com perguntas sobre a sua jovem amada, se os pais de ambos já tinham combinado o enlace, se os presentes correctos já haviam sido trocados entre as famílias, enfim, perguntas sobre todos os detalhes que antecediam ao Casamento Sagrado dos jovens da Casa dos Anunaki.

‘ Será que estou vendo bem, mas mamãe, sempre tão reservada com estranhos, hoje tem olhos risonhos e está toda falante com o estranho?
Ningal se perguntou, entre curiosa e alarmada.
‘O jeito que mamãe olha para ele, as perguntas que está fazendo a um forasteiro a quem ela nunca viu.....’

De repente, Ningal compreendeu tudo e seu rosto ficou ainda mais vermelho.
Nada que acontece em todos os mundos não poderia ocorrer sem ser sabido pelos grandes deuses.
Eles simplesmente tinham descoberto que ela e Nana haviam se encontrado para se amar.

‘ Oh, Nana, nós somos uns bobos,’ ela se deu conta.
‘ Mas eu não irei mais para os pântanos ao teu encontro e esconder o que não pode e não tem razão de ser escondido.
Desta vez, eu darei as cartas na nossa relação!’

Em voz alta, ela disse ao forasteiro, tendo encontrado uma nova força no amor que sentia por Nana, no seu poder de donzela e deusa ciente do seu poder de mulher, na confiança que tinha no ela e Nana poderiam construir juntos:

- Mesmo se o senhor fosse Nana, o deus da Lua, o escolhido do meu coração e companheiro da minha alma, eu não iria ter consigo mais tarde, hoje à noite.
Não até que Nana houvesse enchido os rios com as enchentes da primavera para assegurar a fertilidade da terra, não antes que ele tenha feito os grãos crescerem nos campos, que faça mais peixes nadarem nas águas das lagoas, ou cuide para que junco novo cresça nas margens dos rios, para que os animais da floresta, as plantas das áreas secas e vinho e mel sejam cultivados nos pomares dos palácios e nas terras deste povo.
Então e apenas então, quando o Príncipe da Noite tiver provado que quer ser meu grande amor e protetor da agricultura e pecuária desta terra, no tempo e na estação certos, tendo cumprido os ritos sagrados, somente então eu deixarei os pântanos pelo palácio real de Ur.
Só então ele e eu estaremos prontos para partilhar do trono e do leito da realeza, para sermos ambos Soberanos e Protetores daquela grande cidade e de toda esta terra.

Um silencio carregado de eletricidade seguiu as palavras de Ningal.
Como a atenção da donzela estava totalmente no Estranho, Ningal não viu o sorriso de aprovação que brilhou como um facho de luz na face de Ningikuga ou a sobrancelha que a Deusa dos Juncos ergueu na direção de Nana.
Como será que o impetuoso Senhor da Lua iria reagir as palavras de Ningal?
Nana recuperou-se da surpresa, riu e fez uma graciosa e profunda reverência para as duas deusas, dirigindo-se primeiro a Ningal:

- Que o seu amado tenha prestado atenção às suas palavras sábias, gentil donzela, a primeira e única na alma do Deus da Lua.
Você é realmente a futura Grande Deusa de Ur, consorte e esposa de Nana, a Tocha da Noite. Ele dirigiu-se então para Ningikuga:

- Os meus sinceros agradecimentos, Grande Senhora, pela hospitalidade, e peco-lhe humildemente desculpas por qualquer dano que minha impulsividade tenha causado.

A compostura, humor e alegria de Ningikuga davam gosto de se ver.

- Todos os filhos e filhas da casa sagrada dos Anunaki são também meus filhos e filhas, ela respondeu com grande gentileza.
Eu lhe desejo muita sorte, Estranho, na corte da sua Amada.
Com a experiência e o amor de mãe, eu lhe recomendo, jovem senhor, amá-la profundamente, tratá-la como sua consorte e rainha.
E quando chegar o momento adequado, conforme os ritos e costumes sagrados, não se esqueçam os DOIS de me participar do evento, de me enviar um convite para este tão lindo e esperado evento!

Dois rostos jovens mostraram tanta alegria quanto embaraço.
Mas Ningikuga não se deu por achada, continuando firme na representação do papel de nada saber (afinal, ela não havia sido informada de nada,..), e em grande estilo, retirou-se para os seus aposentos, deixando toda a privacidade para Nana e Ningal.
Foi assim que a Deusa dos Sonhos prendeu pelo amor a impetuosa Tocha da Noite.
Eles se casaram em Ur, ao final da primavera, quando os primeiros frutos e laticínios da terra estavam prontos para serem levados às mesas.
Não mais sozinho, o Deus da Lua e sua adorada esposa tomaram um barco rumo a Nipur, para visitar Enlil e Ninlil, os pais de Nana.
O Deus da Lua e Ningal carregaram o barco com as primeiras frutas da estação e os primeiros produtos do leite e dos rebanhos do ano.
A cada porto ao longo do caminho até Nipur, Nana e Ningal deram e receberam presentes dos guardiões das cidades visitadas.
Mas o maior presente de todos Nana recebeu da Senhora de seus sonhos:

- Nana, tocha maravilhosa que ilumina a minha vida, disse-lhe Ningal, dentro de mim carrego agora tuas sementes, nossos filhos da luz.
Primeiro, darei à luz a uma menina.
Ela terá o nome de Inana, a Primogênita do Deus da Lua, a Estrela Matutina e Vespertina, que será a grande Deusa do Amor e da Guerra, Amante e Amada unidos numa só alma.
Sábia, apaixonada, sensual, vibrante, tudo isto e muito mais ela o será, a personificação do Amor, tanto espiritual, como físico e mental, ela será a Luz Interior que trará brilho, paixão, cura e compleitude a tudo e a todos em todos os mundos e esferas.
E para dar a nossa filha um irmão, que ele seja uma criança de igual brilho exterior.
Chamá-lo-ei de Utu, o Sol, Luz do Dia, que ira iluminar todos os mundos enquanto tu, meu amor, estiveres ausente.
Que todos portanto saibam que o Senhor da Luz de Prata que brilha na noite e a Deusa dos Sonhos, sua grande amada, darão ao mundo as estrelas celestes mais brilhantes para dar alma nova as vidas de todos os grandes deuses e da humanidade!
E tendo assim declarado, que seja feito segundo a minha vontade!


http://www.angelfire.com/me/babiloniabrasil/nannin.html

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Entrando em contacto com as Fadas


Está na Natureza a essência de todas as crenças e religiões.
O primeiro passo para vivenciarmos o "Divino" está em observarmos a Natureza e nos unirmos à beleza de sua Criação.
A simples caminhada em parques que possuam muito verde, já nos dará sábios ensinamentos. Se tiver oportunidade, sente-se no topo de uma colina e contemple os campos e bosques
Deixe então sua mente voar livre para um outro tempo, imaginando como deveria ter sido este local há milhões de anos atrás.
Tais pensamentos farão despertar sua memória ancestral genética que lhe foi transmitida e que agora está disponível e reverente.
Lembre-se que você é descendente directo de um antigo pagão que já sabia o que deseja saber agora.
Se você possui um lindo jardim, considere-se uma pessoa com muita sorte, pois poderá realizar esta viagem astral no meio dele.
Caso você more em apartamento, um planta qualquer que dê flores, poderá lhe ajudar a se conectar com os ciclos da vida da Natureza.
O pequeno acto de cuidar de uma plantinha ou de seu jardim já é capaz de gerar uma vibração em sua aura que pode ser detectada pelas formas de vidas silvestres.
Através desta vibração, sua presença é percebida e as fadas por certo não ficarão indiferentes, pois elas são entidades mágicas envolvidas com a força vital das plantas e dos animais.
Ao criar um elo mental com esse conceito através da emersão nos ciclos vitais da Natureza (e de suas caminhadas pelos parques), fica mais fácil alinhar-se com os espíritos da Natureza.
Acreditar nas fadas e nos espíritos da Natureza é parte integrante da consciência mágica de todo o pagão.
Isso fortalece as forças que mantêm e direccionam a sincronicidade em nossas vidas.
Não somos viajantes sós, pois sempre temos ao nosso lado um guia espiritual, ou espíritos de familiares e um grande número de espíritos da Natureza.
Através deles nos ligamos à própria fonte dos mistérios, nos ligamos a outros Mundos e outros Seres.
Nos ligamos à Fonte Primordial, que é aquela que nos gerou e para a qual um dia retornaremos.

Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto

Fadas

Crê-se que a figura da fada é uma reminiscência da antiga Deusa e algumas fadas eram chamadas pelo povo de "rainhas", "senhoras", "deusas", "avós" e "destinos" e deste último sentido talvez derive o seu nome fadas, do latim fata.
Os seus poderes, tal como os das divindades, eram imensos, incluindo a capacidade de transformar seres humanos em qualquer objecto.
Tinham uma aparência humana mas eram feitas de um material volátil que lhes permitia materializar e imaterializar livremente em qualquer forma na natureza que desejassem. Na tradição medieval, as fadas eram consideradas mulheres de aparência absolutamente normal que tinham capacidades mágicas e sobrenaturais.
As fadas eram também associadas à Lua e dizia-se que seguiam as antigas religiões pagãs do culto da Deusa.
Estas fadas eram consideradas feiticeiras cujo país tinha existência real e se situava, por vezes, em ilhas distantes, como a mítica Avalon e as ilhas Afortunadas ou, ainda, num local situado entre o Inferno e o Paraíso.
Alguns povos acreditavam que as tumbas antigas eram portas para o reino das Fadas, um mundo de fantasmas e espíritos temido pelos humanos.
A sabedoria das fadas era algo inquestionável e as pessoas na Idade Média pediam a sua protecção e agradeciam-lhes com oferendas várias, inclusive comida e bebida que deixavam em locais especiais.
A Igreja definiu por fim que as fadas não eram almas penadas e portanto só poderiam ser espíritos que, como estavam longe do seu domínio, só poderiam ser maus.
Assim, as fadas tornaram-se nos "bodes expiatórios" de todos os males, fossem a doença de animais ou de pessoas que, quando inexplicáveis à luz dos conhecimentos da época, eram considerados "possuídos" pelas fadas.
Algumas crianças com atrasos mentais eram deixadas pelos pais com a justificação de que tinham sido trocadas pelas fadas.
Mais tarde, as fadas deixaram de estar presentes como fazendo parte da realidade e passaram a habitar o mundo infantil através dos contos de fadas, como seres bons e protectores.
Em Portugal, a figura da fada foi muitas vezes associada à personagem da moura encantada que premiava a coragem e a lealdade com riquezas, para além de proteger os apaixonados.
A origem da versão moderna da fada foi popularizada através dos contos de Charles Perrault, a partir do século XVII.

Mestra da magia, a fada simboliza os poderes paranormais do espírito ou as capacidades mágicas da imaginação.
A fada realiza as mais extraordinárias transformações e, num instante, satisfaz ou rejeita os desejos mais ambiciosos.
Talvez ela represente o poder do homem de construir com a imaginação os projectos que não pôde realizar.

A fada irlandesa é, por essência, a banshee, de quem as fadas de outros países célticos não são mais do que equivalentes mais ou menos alterados ou semelhantes.
À partida, a fada, que se confunde com uma mulher, é uma mensageira do Outro Mundo.
Muitas vezes viaja sob a forma de ave, de preferência de cisne.
Mas esta qualidade não pôde continuar a ser compreendida a partir da cristianização, e os transcritos fizeram dela a figura de uma enamorada que vinha à procura do eleito do seu coração.
A banshee é, por definição, um ser dotado de magia.
Não está submetida às contingências das três dimensões, e a maçã, ou o ramo, que ela entrega tem qualidades maravilhosas.
O mais poderoso dos druidas não consegue reter aquele que ela chama e, quando ela se afasta provisoriamente, o eleito fica prostrado.

Shakespeare mostrou maravilhosamente, com a rainha Mab, a ambivalência da fada, que é capaz de se transformar em feiticeira:

Oh, vejo, pois, que a rainha Mab vos visitou.
Ela é a parteira das fadas, e quando aparece
A sua forma não é maior que uma pedra de ágata
No indicador de um almotacé
Puxada por um conjunto de pequenos átomos…
… é sempre esta mesma Mab
Que entrança a crina dos cavalos à noite
E com os seus cabelos viscosos
Fabrica nós mágicos
Que, desembaraçados, trazem grandes infortúnios.
É a feiticeira…


(Romeu e Julieta, Acto I, Cena 4)

Com efeito, os palácios que as fadas evocam e fazem cintilar na noite desaparecem num instante e não deixam senão a lembrança de uma ilusão.
Situam-se, na evolução psíquica, entre os processos de adaptação ao real e da aceitação de si, com os seus limites pessoais.
É costume recorrer às fadas e às suas ambições desmedidas.
Ou então elas compensam as aspirações frustradas.
A varinha e o anel são as insígnias do seu poder.
Elas apertam ou soltam os nós do psiquismo.

Parece fora de discussão as fadas do nosso folclore não serem senão, na sua origem, as Parcas romanas, elas próprias transposição latina das Meras gregas.
O seu próprio nome – Fata, Fado ou Destinos – prova isso.
Ainda hoje têm este nome na maioria das línguas latinas, e a sua raiz pode ser encontrada na sua descendência e nos inumeráveis pequenos génios que a imaginação popular, na sua sequência, criou: como, por exemplo, as fadas provençais, as fades da Gasconha, as fadettes e fayettes, as fadets e farfadets.
Geralmente reunidos em grupo de três, as fadas puxam do fuso o fio do destino humano, enrolam-no na roca e cortam-no, ao chegar a hora, com as suas tesouras.
Talvez na origem elas fossem as deusas protectoras dos campos.
O ritmo ternário, que caracteriza as suas actividades, é o da própria vida: juventude, maturidade, velhice, ou então, nascimento, vida e morte, que a astrologia transformará em evolução, culminação, involução.
Segundo as velhas tradições bretãs, por altura do nascimento de uma criança, preparam-se três talheres numa mesa bem provida, mas numa divisão isolada da casa, para que as fadas se dignem ser propícias.
São elas também que conduzem ao céu as almas das crianças nado-mortas e que ajudam a romper os malefícios de Satã.
Para melhor se compreender o simbolismo das fadas, é preciso ir além das Parcas e Meras, e ir até às Queres, divindades infernais da mitologia grega, espécie de Valquírias que se apoderam dos moribundos no campo de batalha, mas que, segundo a Ilíada, parecem também determinar a sorte e o destino do herói, ao qual elas aparecem apresentando-lhe uma escolha, de que dependerá o final benéfico ou maléfico da sua viagem.

A filiação das fadas, tal como acabamos de indicar, mostra que elas são, originalmente, expressões da Terra-Mãe.
Mas, ao longo da história, foram subindo pouco a pouco do fundo da terra até à superfície, onde, na claridade do luar, elas se tornam espíritos das águas e da vegetação.
No entanto, os lugares das suas epifanias mostram claramente as suas origens; com efeito, elas aparecem quase sempre nas montanhas, perto de fendas e de torrentes, nas inumeráveis mesas de fada ou nas profundezas das florestas, à beira de uma gruta, de um abismo, de uma chaminé das fadas, ou ainda perto de um rio bramante ou à beira de uma nascente ou de uma fonte. Estão associadas ao ritmo ternário, mas, se as observarmos de mais perto, elas demonstram ter também um ritmo quaternário: na música, dir-se-ia que o seu compasso é o três por quatro; três tempos marcados e um tempo de silêncio.
O que representa, de facto, o ritmo lunar e o ritmo das estações.
A Lua é visível durante três fases sobre quatro; na quarta fase, ela torna-se invisível, diz-se até que ela está morta.
Da mesma forma, a vida representada pela vegetação nasce da terra na Primavera, desaparece durante o Inverno, tempo de silêncio, de morte.
Se olharmos mais de perto contos e lendas relacionados com as fadas, vê-se que este quarto tempo das fadas não foi esquecido pelos autores anónimos destas narrativas.
É o tempo de ruptura, em que a epifania antropomorfa da fada se dissipa.
A fada participa do sobrenatural, porque a sua vida é contínua, e não descontínua como a nossa, e como a de todas as coisas vivas deste mundo.
Portanto, é normal que na estação da morte não a possamos ver, e que ela não apareça.
No entanto, ela existe sempre, mas sob uma outra forma, dependente, tal como ela, na sua essência, da vida contínua, da vida eterna.
As fadas nunca se mostram senão de forma intermitente, como que por eclipses, embora em si mesmas elas subsistam de forma permanente.
Poder-se-ia dizer o mesmo das manifestações do inconsciente.

Fadas Reais - O Cantinho da Estrela