segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Clarividência

A palavra clarividência significa visão clara ou a habilidade de ver nos mundos invisíveis (para a visão física).
É uma faculdade latente em todos e será eventualmente possuída por todo ser humano no curso de seu desenvolvimento espiritual.
Ao adquirir esta visão espiritual, a pessoa poderá, por si mesma, investigar assuntos como o estado do Espírito humano antes do nascimento, depois da morte, e a vida nos mundos invisíveis. Embora cada um de nós possua esta faculdade, é necessário um esforço persistente para desenvolvê-la de uma maneira positiva, e isto parece ser um poderoso factor intimidativo.
Se pudesse ser comprada muitas pessoas pagariam um alto preço por ela.
Poucas pessoas, porém, parecem desejosas de viver a vida que é requerida para despertá-la. Esse despertar vem somente através de um esforço paciente e muita persistência.
Não pode ser comprado e não existe caminho fácil para sua aquisição.


Dois Tipos de Clarividência

Existem dois tipos de clarividência.
A clarividência positiva, voluntária, é quando o indivíduo é capaz, à sua vontade, de ver e investigar os mundos internos, onde é senhor de si mesmo e sabe o que está a fazer.
Este tipo de clarividência é desenvolvida através de uma vida pura e de serviço, e a pessoa precisa de ser cuidadosamente treinada para saber usá-la, para que ela seja verdadeiramente eficaz e útil.
A clarividência involuntária, negativa, é quando as visões dos mundos internos são apresentadas a uma pessoa independente de sua vontade; ela vê o que lhe é dado ver e não pode, de maneira alguma, controlar esta visão.
Esta clarividência é perigosa, deixando a pessoa aberta para ser dominada por entidades desencarnadas que, se puderem, fazem com que a vida da pessoa, neste mundo e no próximo, não lhe pertença inteiramente.


No cérebro existem dois pequenos órgaos chamados corpo pituitário e glândula pineal.
A ciência médica conhece muito pouco sobre eles, e chama a glândula pineal de terceiro olho atrofiado, embora nem ela nem o corpo pituitário estejam atrofiados.
Isto é muito desconcertante para os cientistas, pois a Natureza nada retém de inútil.
Por todo o corpo encontramos órgaos que estão em processo de atrofia ou de desenvolvimento.

O corpo pituitário e a glândula pineal pertencem, no entanto, a uma outra classe de órgaos que, presentemente, não estão nem evoluindo nem degenerando, mas estão dormentes.
Num passado longínquo, quando o homem estava em contacto com os mundos internos, estes orgãos eram o meio de ingressar neles e servirão novamente para esse fim num estádio mais avançado.
Eles estavam ligados ao sistema nervoso simpático ou involuntário.
Antigamente durante o Período Lunar e na última parte da Época Lemúrica e início da Época Atlante o homem podia ver os mundos internos; as imagens apresentavam-se-lhe totalmente independentes da sua vontade.
Os centros sensíveis do seu corpo de desejos giravam em sentido inverso dos ponteiros do relógio (seguindo negativamente o movimento da Terra que gira sobre o seu eixo naquela direcção) como os centros sensitivos dos médiuns fazem hoje.
Na maior parte das pessoas, estes centros sensitivos estão inactivos, mas o verdadeiro movimento fá-los-á girar no sentido dos ponteiros do relógio.
Esta é a caraterística principal no desenvolvimento da clarividência positiva.


Correntes do Corpo de Desejo

O desenvolvimento da clarividência negativa ou mediunidade é muito mais fácil, pois é meramente uma revivificação da função igual à do espelho que o homem possuía no passado distante, pela qual o mundo externo era reflectido involuntariamente nele.
Esta função, foi mais tarde retida pela procriação.
Com os médiuns actuais este poder é intermitente, isto é, algumas vezes podem ver, enquanto noutras vezes, sem nenhuma razão aparente falham totalmente.
No corpo de desejos do clarividente voluntário e adequadamente treinado, as correntes de desejos giram no sentido dos ponteiros do relógio, brilhando com extraordinário esplendor, superando em muito, a brilhante luminosidade do corpo de desejos comum.
Os centros de percepção no corpo de desejos, em redor do qual estas correntes giram, suprem o clarividente voluntário com os meios de percepção no Mundo do Desejo, e ele vê e investiga à vontade.
A pessoa cujos centros giram em sentido inverso ao movimento dos ponteiros do relógio, é como um espelho, reflectindo somente o que se passa diante dela.
Tal pessoa é incapaz de alcançar qualquer informação.
Esta é uma das diferenças fundamentais entre um médium e um clarividente adequadamente treinado.
É impossível para a maioria das pessoas diferenciar os dois, existe porém uma regra infalível que pode ser seguida por qualquer um: nenhum clarividente genuinamente desenvolvido exercerá essa faculdade por dinheiro ou algo equivalente; nunca usará isto para satisfazer a própria curiosidade, mas somente para AUXILIAR A HUMANIDADE.

O grande perigo para a sociedade poderia advir do uso indiscriminado do indivíduo que, indigno do poder de um clarividente voluntário, quisesse investigar e ver à vontade, e isto pode ser facilmente compreendido.
Ele seria capaz de ler o pensamento mais secreto, portanto o aspirante à verdadeira visão e introspecção espiritual, deve antes de tudo, dar provas de altruísmo.
O Iniciado é obrigado pelos votos mais solenes a nunca usar este poder para servir o seu interesse pessoal, por menor que este seja.
A clarividência treinada é usada para investigar factos ocultos e é a única que serve para este propósito.
Em virtude disto, o aspirante precisa sentir não um desejo de satisfazer uma simples curiosidade, mas sim um desejo santo e altruísta de ajudar a humanidade.
Enquanto não existir este desejo, nenhum progresso poderá ser feito para a obtenção de uma clarividência positiva.


Corpo Pituitário e Glândula Pineal

Para readquirir o contacto com os mundos internos é necessário estabelecer a conexao da glândula pineal e do corpo pituitário com o sistema nervoso cérebro-espinhal, e despertar novamente essas duas glândulas.
Quando isto for conseguido, o homem possuirá de novo a faculdade de percepção nos mundos superiores, mas numa escala maior do que no passado distante, porque estará em conexão com o sistema nervoso voluntário, e portanto, sob o controle de sua vontade.
Através desta faculdade perceptiva interna, todos os caminhos do conhecimento estarão abertos para ele e terá a seu favor um meio para adquirir informações.
Isto fará com que todos os outros métodos de investigação pareçam brincadeiras infantis.


Força Sexual não utilizada

O despertar destes orgãos é conseguido através do treino esotérico.
Na maioria das pessoas, grande parte da força sexual que pode ser legitimamente usada através dos orgãos criadores, é gasta para a satisfação dos sentidos.
Quando o aspirante à vida superior começa a moderar estes excessos e a dedicar atenção a pensamentos e esforços espirituais, a força sexual que não foi usada começa a elevar-se, sobe em volume cada vez maior, atravessa o coração e a laringe, ou a medula espinhal e a laringe, ou ambas, passando depois directamente entre o corpo pituitário e a glândula pineal em direcção ao ponto da raiz do nariz, onde o espírito tem o seu assento.

Esta corrente, não importa quão volumosa seja, deve ser cultivada antes que o verdadeiro treino esotérico possa começar, o que corresponde a um pré-requisito para o trabalho auto-consciente nos mundos internos.
Assim, uma vida dentro da moralidade e devotada ao pensamento espiritual, deve ser vivida pelo aspirante antes que o trabalho comece, o que lhe dará conhecimentos dos mundos suprafísicos e capacitá-lo-á em tornar-se, no sentido mais amplo, um auxiliar da humanidade. Quando o candidato viveu tal vida durante o tempo suficiente para estabelecer a corrente da força espiritual e é considerado digno e qualificado para receber instrução esotérica, certos exercícios ser-lhe-ão ensinados para colocar o corpo pituitário em vibração.
Esta vibração fará com que o corpo pituitário colida com a linha de força mais próxima, e ao desviar-se ligeiramente dela, choca-se por sua vez, sobre a linha seguinte, continuando este processo até que a força da vibração tenha sido gasta.
Quando estas linhas de força forem suficientemente desviadas para alcançar a glândula pineal, o objectivo foi alcançado a distância entre os dois órgaos foi eliminada, existe agora uma ponte entre o Mundo do Sentido e o Mundo do Desejo.
A partir do momento em que ela é construída, o homem torna-se clarividente e é capaz de dirigir seu olhar para onde desejar.
Os objectos sólidos são vistos tanto interna quanto externamente.
Espaço e solidez cessarão de existir como obstáculos à observação.
Ele não é ainda um clarividente treinado, mas é um clarividente à sua vontade, um clarividente voluntário e esta faculdade é muito diferente daquela possuída pelo médium.
A pessoa na qual esta ponte foi construída, estará sempre em contacto seguro com os mundos internos, pois a conexão é feita e desfeita à sua vontade.
Aos poucos, o observador aprende a controlar a vibração do corpo pituitário, de forma a capacitá-lo a entrar em contacto com qualquer das regiões dos mundos internos que deseje visitar.
A faculdade está completamente sob o controle de sua vontade.
Nao é necessário entrar em transe ou fazer algo anormal para elevar sua consciência ao Mundo do Desejo simplesmente quer ver e vê.


Observando no Mundo do Desejo

Tendo alcançado esta faculdade, o neófito precisa agora aprender a compreeder o que ele vê no Mundo do Desejo.
Muitos pensam que, uma vez que a pessoa é clarividente, toda a verdade se lhe abre e porque pode ver, logo sabe tudo sobre os mundos superiores.
Este é um grande erro.
Sabemos que nós, que somos capazes de ver coisas no Mundo Físico, estamos longe de ter um conhecimento universal sobre tudo o que existe.
Muito estudo e dedicação sao necessários para conhecer, mesmo até uma pequena parte das coisas físicas com as quais lidamos em nossas vidas diárias.
No Mundo físico, os objectos sao densos, sólidos e nao mudam num piscar de olhos.
No Mundo do Desejo, eles mudam da maneira mais estranha. Isto é uma fonte de confusão interminável para o clarividente negativo, involuntário, e mesmo para o neófito que está sob a orientação de um mestre.
Porém, o ensinamento que o neófito recebe, leva-o logo a um ponto onde pode perceber a Vida que causa a mudança na Forma e passa a conhecer isso, pelo que isso realmente é, apesar de todas as mudanças possíveis e embaraçosas.
Dessa maneira os clarividentes são treinados antes que as suas observações tenham algum valor real, e quanto mais hábeis eles se tornam, mais modestos são em contar o que vêem.
Muitas vezes, divergem das versões dos outros, sabendo o quanto há para aprender, percebendo o pouco que um investigador, sozinho, pode entender de todos os detalhes referentes às suas investigações.
Isto também diz respeito às variadas versões dos mundos superiores que são para as pessoas superficiais, um argumento contra a existência destes mundos.
Eles afirmam que se estes mundos existem, os investigadores devem necessariamente trazer até nós descrições idênticas.
Mas, da mesma forma que no Mundo Físico, se vinte pessoas partissem para descrever uma cidade, haveriam vinte versões diferentes, assim também acontece quanto aos relatos feitos pelos investigadores dos mundos superiores.
Cada um tem o seu próprio modo de ver as coisas e pode descrever o que vê a partir do seu ponto de vista particular.
O relato que ele faz pode diferir do de outros, embora todos possam ser igualmente verdadeiros, de acordo com a visão e o ângulo de cada observador.
Há também, outra importante distinção a ser feita.
O poder que capacita uma pessoa a perceber os objectos num mundo, não é idêntico ao poder de entrar naquele mundo e funcionar lá.
O clarividente voluntário, embora tenha recebido algum treino e esteja apto a distinguir o verdadeiro do falso no Mundo do Desejo, está praticamente na mesma relação com esse mundo como um prisioneiro atrás das grades de uma janela ele pode ver o mundo exterior mas não pode funcionar nele.
Portanto, no momento oportuno, exercícios adicionais são dados ao aspirante para provê-lo com um veículo no qual ele possa funcionar nos mundos internos de uma maneira perfeitamente auto-consciente.


O que faz de alguém um Psíquico?

A Faculdade da clarividência indica uma conexão frouxa entre os corpos vital e o denso.
Nas várias épocas de nossa Terra, quando todos os homens eram clarividentes involuntários, foi o afrouxamento desta conexão que os tornou clarividentes.
Desde aqueles tempos, o corpo vital tornou-se mais firmemente entrelaçado com o corpo denso na maioria das pessoas, mas em todos os sensitivos esta ligação é frouxa.
Este afrouxamento constitui a diferença entre o médium e a pessoa comum que está inconsciente de tudo, e que só sente as vibrações por meio dos cinco sentidos.
Todos os seres humanos têm que passar por este período de íntima conexão dos veículos e experimentar a consequente limitação da consciência.


Duas Classes de Sensitivos

Existem, portanto, duas classes de sensitivos: aqueles que não foram envolvidos na matéria (como as raças menos evoluídas e aqueles que praticam a endogamia) e aqueles que estão na vanguarda da evolução.
Os últimos estão emergindo do ponto mais alto da materialidade e são novamente divisíveis em dois tipos: voluntários e involuntários.
Quando a conexão entre o corpo vital e o corpo denso de uma pessoa está um pouco frouxa, ela será sensível às vibrações espirituais, e, se é positiva, desenvolverá por sua própria vontade, suas faculdades espirituais.
Viverá uma vida espiritual e, com o tempo, receberá o ensinamento necessário para se tornar num clarividente treinado e senhor de sua faculdade em todos os momentos, livre para exercê-la ou não, como quizer.
Se uma pessoa possui este afrouxamento leve, entre os corpos vital e o de desejos e é de um temperamento negativo, ela está sujeita a tornar-se vítima de espíritos desencarnados, como o médium.


Auxiliar Invisível

Quando a conexão entre os corpos vital e denso na pessoa está muito frouxa e é de natureza positiva, ela pode tornar-se num Auxilar Invisível, capaz de levar os dois éteres superiores para fora de seu corpo denso quando quiser e usá-los como veículos de percepção sensorial e memória, podendo entao funcionar conscientemente no Mundo Espiritual e recordar-se de tudo que fez lá.
Quando deixa seu corpo à noite, orienta-se nos Mundos Invisíveis de maneira totalmente consciente, como fazemos aqui ao despertar depois de termos dormido ou quando acabamos de desempenhar os nossos deveres mundanos.
Quando uma pessoa tem esta conexão frouxa entre o corpo vital e o corpo denso e é de um temperamento negativo, as entidades que estão apegadas à Terra e procuram manifestar-se aqui, podem retirar o corpo vital do médium por meio do baço e usar temporariamente o éter do qual é composto para materializar formas de espíritos, retornando o éter para o médium depois que a sessão acaba.


Mediunidade

Uma vez que o corpo vital é o veículo por onde as correntes solares, que nos dão vitalidade são especializadas, o corpo do médium, no momento da materialização às vezes encolhe-se até quase metade de seu tamanho normal porque foi privado do princípio vitalizante, a sua carne torna-se flácida e a centelha de vida é muito fraca.
Quando a sessão termina, o médium é despertado para a consciência normal e experimenta um sentimento da mais terrivel exaustão.
O perigo da mediunidade foi tratado, em detalhe, noutras obras da Fraternidade Rosacruz. Repetimos aqui, que é extremamente maléfico para qualquer indivíduo permitir tornar-se tão negativo que seus veículos e suas faculdades possam ser possuídas por uma entidade desencarnada.
A entidade pode exercer tal controle sobre a pessoa, que esta não consegue exercer mais a livre escolha sobre nenhum assunto, mas vive somente como a entidade deseja que ela viva.
Este controle pode continuar até depois da morte, quando o seu corpo de desejos pode ser possuído pela entidade, sendo extremamente difícil desligar-se da entidade, uma vez que isto aconteça.


As Crianças nascem Clarividentes

Todas as crianças são clarividentes, pelo menos durante o primeiro ano de vida.
Por quanto tempo a criança vai manter esta faculdade, dependerá da sua espiritualidade e também de seu meio-ambiente, pois a maioria das crianças comunica aos mais velhos tudo o que vêem e a faculdade de clarividência é afectada pela atitude destes, sendo as crianças frequentemente ridicularizadas por contarem coisas que segundo os mais velhos, só podem ser o resultado de imaginação.
Assim, elas aprendem a calar-se para não gerar aborrecimentos ou, no mínimo, guardam estas coisas para elas mesmas.
Embora existam clarividentes positivos e negativos, sabemos que é somente com a clarividência positiva que um indivíduo pode ver e investigar com precisão os mundos internos e adiantar-se no caminho evolutivo.
A clarividência negativa não pode ser vista como um instrumento confiável de investigação. Muitas vezes causa a indesejável situação de controle pessoal vindo de uma fonte exterior, e pode, pelo menos entre povos do Mundo Ocidental, causar à pessoa, uma regressão evolucionária.

Tradução livre do tema nº11 da The Rosicrucian Fellowship
Fonte: www.rosaecruz@sapo.pt

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